O pastor que denunciou o genocídio de cristãos na Nigéria dentro de uma cova durante um enterro voltou a se manifestar em um novo vídeo.
Na gravação, divulgada pela missão Familia Aziz no Instagram, o líder relatou que realizou mais enterros de cristãos mortos por ataques islâmicos no país. “Ontem, enterramos um cadáver à noite e mataram duas pessoas novamente”, disse.
O pastor pediu socorro em meio ao massacre de crentes por extremistas, que tem aterrorizado a Nigéria há anos.
“Eles estão apostando com os nigerianos. Se levantem e façam alguma coisa. Continue orando pelo meu povo”, clamou.
O líder também denunciou o silêncio de autoridades religiosas e a falta de ação do governo nigeriano para deter o genocídio da comunidade cristã.
“Estamos em uma nação que a Nigéria já vendeu. A Suprema Corte já nos sentenciou à morte. Nenhum cristão está falando”, criticou.
“Mesmo aqueles em Asoro, eles estão em silêncio. Até o bispo, está em silêncio. Os supervisores estão em silêncio. Os líderes estão em silêncio e eles estão diretamente contra Jesus Cristo. Porque são pessoas mortas espiritualmente. A consciência deles está morta. Eles não se importam em expressar o que está acontecendo na Nigéria. Por quê? Porque eles se venderam”.
O pastor disse que voltou para a Nigéria após uma viagem à Índia e ressaltou que vai permanecer no país mesmo diante do risco de morte.
“Eu escolho morrer do que viver. Voltei da Índia e estou pronto. Se é o lugar onde vou morrer, me deixe morrer com o meu povo, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, afirmou.
Ele pediu orações pela situação em sua nação. “Continuem orando por mim. Continuem orando por nós. Deus estará conosco”, finalizou.
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Pastor mostra igreja e casa destruída
Outro vídeo que começou a circular nas redes sociais mostra um pastor nigeriano em meio aos destroços de sua igreja após um ataque islâmico na aldeia Mayenga.
“Eu sou o Reverendo Yakubu Mutong. Sou pastor da Church of Christ in Nations. Esta é minha aldeia Mayenga, que fica em Bokkos, no estado de Plateau, na Nigéria”, introduziu o líder.
Ele disse que Mayenga está entre as 11 aldeias que foram atacadas por terroristas na região.
“O mesmo método de ataque foi conduzido. É matança, mutilação de pessoas, massacre e a queima de casas, alimentos e propriedades. Até agora, pelos registros que já coletamos, temos mais de 150 pessoas mortas em um dia. Isso foi no dia 24 de dezembro”, contou.
Não foi possível verificar qual o ano em que o ataque mencionado pelo pastor ocorreu. No vídeo, o pastor mostrou o que sobrou de sua igreja e casa, que foram incendiadas durante o ataque.
“Como vocês podem ver, esta é a minha casa. Perdi tudo o que havia na casa, havia comprado comida, roupas e tudo mais. Era uma casa mobiliada, mas foi queimada. E até a igreja que fica ao meu lado foi queimada e a casa pastoral foi queimada. Perdi sete dos meus irmãos devido a esta crise que aconteceu”, lamentou ele.
“Como você pode ver, tudo está destruído. Mas agradecemos a Deus por alguns de nós estarem vivos”, concluiu.
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Genocídio de cristãos
Organizações e líderes cristãos têm denunciado a perseguição contra comunidades cristã na Nigéria, classificando a onda de violência como genocídio.
Os cristãos na Nigéria têm sido vítimas de ataques constantes de terroristas Fulani, principalmente nos estados de Benue, Plateau, Kaduna e Níger. Milhares de cristãos foram mortos ou sequestrados, e centenas de igrejas foram destruídas ou atacadas.
Mais de 7 mil cristãos foram assassinados por extremistas islâmicos e terroristas fulani na Nigéria, desde o início de 2025, de acordo com um recente relatório da Sociedade Internacional para Liberdades Civis e Estado de Direito (Intersociety).
A organização relatou que pelo menos 7.087 cristãos foram massacrados, de 1º de janeiro a 10 de agosto, no país africano.
Além disso, 7.800 outros cristãos foram detidos e sequestrados devido à sua fé. "O massacre brutal de cristãos se traduziu em uma média de 30 mortes de cristãos por dia e mais de uma morte por hora", afirmou o relatório.
O documento também estima que "185.009 nigerianos indefesos" foram mortos desde 2009, incluindo 125.009 cristãos e 60.000 muçulmanos liberais.
Cerca de 19.100 igrejas foram destruídas nesse período, mais de 1.100 comunidades cristãs foram saqueadas e 600 líderes cristãos foram sequestrados, incluindo 250 padres católicos e 350 pastores.
Governo nigeriano não protege os cristãos
Organizações têm denunciado o governo nigeriano por não proteger as comunidades cristãs e não punir os terroristas.
Apesar de observadores internacionais classificarem que o que está acontecendo com as comunidades cristãs na Nigéria como perseguição religiosa e genocídio, o governo nega que a onda de violência seja um conflito religioso, mas apenas confrontos entre agricultores e pastores fulani.
A crise humanitária provocada pela violência de grupos terroristas continua se intensificando. Milhares de pessoas deslocadas estão refugiadas em escolas, igrejas e áreas abertas, enfrentando escassez de água potável, alimentos e atendimento médico.
A Nigéria ocupa o 7° lugar da Lista Mundial da Perseguição 2025 da Missão Portas Abertas.