Um pastor pentecostal e dois cristãos foram presos na Índia por distribuírem Bíblias e livretos evangelísticos na cidade de Rampur, no estado de Himachal Pradesh, na última terça-feira (31).
De acordo com o Asia News, o reverendo Charlie John, Vishal e Keval Ram foram detidos pela polícia, após nacionalistas hindus radicais os acusarem de converter pessoas à força, as induzindo com dinheiro, na vila de Lalas.
“Eu apenas ofereci a Bíblia, e a dei para aqueles que aceitam livremente as Boas Novas. Se alguém recusou, eu não insisti. Não convertemos ninguém; estou até disposto a oferecer a Bíblia, que é a Palavra de Deus, até mesmo para a polícia”, afirmou o pastor John.
O líder desmentiu as acusações de conversão forçada de que ele e os outros dois cristãos foram vítimas. “O que fazemos é compartilhar as Boas Novas com as pessoas, falar-lhes sobre Jesus, sem forçar ninguém a se converter. As acusações feitas contra mim são totalmente falsas; nunca ofereci dinheiro pela conversão de pessoas”, assegurou.
Sajan K. George, presidente do Conselho Global de Cristãos Indianos (GCIC), condenou a prisão do pastor e dos cristãos. “O GCIC condena veementemente a prisão do pastor Charlie John, com acusações infundadas de conversão forçada apenas porque ele estava distribuindo livretos e Bíblias do Evangelho”, disse George.
E denunciou: “A Lei de Liberdade Religiosa de Himachal Pradesh, é usada como um instrumento para perseguir cristãos inocentes. O artigo 25 da constituição indiana garante liberdade religiosa e o pastor Charlie não violou nenhuma lei. A perseguição aos cristãos minoritários deve parar na Índia secular”.
Leis de “anticonversão”
Himachal Pradesh é um dos vários estados indianos que possuem leis de “anticonversão”, que presumem que os trabalhadores cristãos “forçam” ou “oferecem benefícios financeiros” aos hindus, a fim de convertê-los ao cristianismo. Por exemplo, se lanches ou refeições forem servidos aos hindus após uma reunião evangelística, isso pode ser visto como “incentivo”.
Em julho, pelo menos 30 cristãos foram falsamente acusados de se envolverem em conversões religiosas forçadas e presos no estado mais populoso da Índia, Uttar Pradesh, de acordo com o International Christian Concern (ICC).
A visão dos nacionalistas hindus é que ser indiano é ser hindu. Qualquer outra religião é vista como não-indiana. Desde que o atual partido governante (Bharatiya Janata Party) assumiu o poder, em 2014, os incidentes contra os cristãos aumentaram, e os radicais hindus costumam atacar os cristãos com pouca ou nenhuma consequência.
Os cristãos representam cerca de 2,5% da população da Índia, enquanto os hindus representam 79,5%. A Índia está classificada como o décimo pior país do mundo para a vida cristã, conforme a Portas Abertas.