
Fundador do Ministério Davar, evangelista e expositor bíblico atuante há mais de 10 anos em temas sobre Israel e a comunidade judaica. Também tem papel estratégico na mídia evangélica, fortalecendo os valores da fé cristã.

Continuação do artigo anterior: O Reino Milenar – Parte II
Para compreendermos quem serão os habitantes do Reino Milenar, é essencial entendermos o conceito de ressurreição. O Senhor Jesus, em João 5:28 a 29, revela que existem duas categorias distintas de ressurreição: a primeira, chamada de "ressurreição da vida", e a segunda, conhecida como "ressurreição do juízo". Cada uma delas está relacionada a diferentes grupos e momentos no plano divino.
Durante o Reino Milenar, a Igreja já estará glorificada, com corpos ressurretos. Além disso, os santos do Antigo Testamento, bem como os santos — tanto judeus quanto gentios — que morreram durante a Grande Tribulação, também serão ressuscitados e receberão corpos glorificados. Essa verdade é confirmada em diversas passagens bíblicas, como Daniel 12:2, Lucas 14:14, João 5:29, 1 Tessalonicenses 4:16 e Apocalipse 20:4,6.
No início do Reino Milenar, quatro grupos distintos de pessoas estarão presentes. Esses grupos formarão a base populacional do Reino Milenar, cada um com funções e experiências distintas dentro do plano divino:
1. A Igreja com corpos ressurretos — composta pelos crentes que foram ressuscitados ou arrebatados e glorificados.
2. Judeus e gentios fiéis do Antigo Testamento com corpos ressurretos — ressuscitados para participar do reino conforme as promessas feitas.
3. Judeus e gentios que morreram durante a Grande Tribulação com corpos ressurretos — ressuscitados em glória após esse período de juízo.
4. Judeus e gentios crentes que sobreviveram aos sete anos da Tribulação — permanecem vivos, habitando o reino com seus corpos naturais e regenerados, conforme Romanos 11:26,27, Jeremias 24:7, Jeremias 31:33,34 e Ezequiel 36:25 a 28.
Alguns teólogos sugerem que os crentes com corpos ressurretos habitarão a Jerusalém Celestial, a qual poderia estar suspensa sobre a Terra durante o Reino Milenar. Para que isso ocorra, os santos que desceram com Cristo após as Bodas do Cordeiro — conforme descrito em Apocalipse 19:7 a 16 — teriam que retornar à Jerusalém Celestial. No entanto, não há base bíblica explícita que confirme essa nova subida da Igreja após sua descida para participar da ceia das bodas na Terra. Ainda assim, essa possibilidade não pode ser totalmente descartada.
Durante o Milênio, judeus e gentios crentes que entrarem no Reino com seus corpos naturais terão filhos. Esses descendentes, como qualquer ser humano, precisarão reconhecer sua condição pecaminosa, arrepender-se e aceitar o Senhor Jesus pela fé. Ao longo desse período, a Terra voltará a ser densamente povoada, com a população mundial crescendo novamente podendo até alcançar bilhões de pessoas.
Mesmo em um cenário de plena prosperidade, justiça e ausência da influência demoníaca, muitas pessoas ainda rejeitarão o governo do Senhor Jesus. Ao final do Reino Milenar, Satanás será solto e incitará uma última rebelião, reunindo as nações contra o governo messiânico, cercando Jerusalém. No entanto, essa revolta será rapidamente julgada: todos os ímpios serão consumidos pelo fogo, conforme descrito em Apocalipse 20:7 a 10.
Em Apocalipse 21, a Nova Jerusalém descerá após novos céus e nova terra. Neste cenário o pecado foi banido e os ímpios condenados ao lago de fogo de forma definitiva e todos os corpos dos Santos serão glorificados, não haverá mais templo e veremos Deus face a face, conforme Apocalipse 22:4.
Da forma de governo:
O sistema de governo será estruturado sob princípios teocráticos, caracterizando-se como uma monarquia em sentido amplo, distinta da república. Consequentemente, não se configurará como uma democracia.
Não haverá legislativo, executivo e judiciário, no entanto, haverá elementos republicanos, que preservam o direito individual, do pobre ao rico.
O Messias será o Rei no milênio, conforme Isaías 2:2 a 4; Isaías 9:3 a 7; Isaías 11:1 a 10; Isaías 16:5; Isaías 24:21 a 23; Isaías 32:1 a 7; Isaías 42:1 a 7; Isaías 49:1 a 7; Isaías 61:1 a 3; Daniel 2:44; Daniel 7:14 a 28; Obadias 17 a 21; Miquéias 4:1 a 8; Miquéias 5:2 a 5; Sofonias 3:9,10; Zacarias 9:9 a 10; Zacarias 14:16,17 e Salmos 2:6.
O Pai entrega o reino ao filho, conforme Daniel 7:13,14; Isaías 49; Lucas 22:29; Lucas 1:26 a 32; Lucas 19:15.
Davi será o regente no milênio, sendo a mais alta autoridade, abaixo do Messias durante o reino. O Senhor Jesus reinará em Israel através de seu regente, conforme Isaías 55:3,4; Jeremias 30:9; Jeremias 33:14 a 26; Ezequiel 34:23,24; Ezequiel 37:24,25; Oséias 3:5; Amós 9:11.
Devemos avaliar se as passagens se trata de uma tipologia ou da literalidade sobre Davi.
Considero a literalidade pois em Ezequiel 45:22, diz que o príncipe oferece a si mesmo uma oferta de pecado. Jesus não faria um sacrifício de seus pecados, então é necessário um representante do Messias para fazer essa oferta memorial. Isto também é visto em Ezequiel 45:16 e 17, onde mostra as atribuições do príncipe.
Em Ezequiel 46:2, o príncipe organiza a adoração, o que corrobora a ideia de que o príncipe não é o Messias. Jesus recebe a adoração, e não está envolvido em organizar a adoração.
Aprofundando mais na hermenêutica, em Ezequiel 46:16, o príncipe tem filhos e divide a herança com eles, enfaticamente não pode ser Jesus! O Senhor Jesus reinará indiretamente Israel através de seu regente Davi e seus descendentes, podemos ver mais detalhes sobre isto em Jeremias 33:14 a 26.
Então podemos concluir que o Reino Milenar, será um reino teocrático. Davi que matou o Golias, que era o “homem segundo o coração de Deus”, será o príncipe regente ministrando sob a autoridade do Senhor Jesus, confirmado em Jeremias 30:21, Isaías 32:1.
No Novo Testamento revela que autoridade sobre as doze tribos de Israel será confiada aos Apóstolos, aos doze discípulos conforme Mateus 19:28.
Então no organograma do milênio, Jesus será o Rei - Davi será seu príncipe-regente e os governadores serão os apóstolos.
Haverá autoridades menores, subordinadas aos governadores que administrarão cidades no governo teocrático, conforme Lucas 19:12 a 28. Os cargos serão distribuídos conforme a fidelidade do indivíduo, baseado em Isaías 40:10.
Também haverá juízes igual ao Antigo Testamento, conforme Zacarias 3:7 e Isaías 1:26.
É importante destacar que todo o escopo apresentado se refere especificamente a Israel. As nações gentílicas, por sua vez, provavelmente adotarão uma estrutura organizacional semelhante, com a Igreja exercendo os cargos de governadores e de lideranças sobre as cidades dentro da administração.
As nações estarão sujeitas a Israel, que será o centro do governo do Senhor Jesus em Jerusalém, conforme profetizado em Daniel 2:35; Daniel 7:14,27; Miquéias 4:1,2 e Zacarias 9:10.
Os cargos da Igreja provavelmente serão distribuídos de acordo com os galardões.
Apocalipse 19:16 declara que Jesus é o Rei dos reis e Senhor dos senhores. Sob seu domínio soberano, tanto Israel — com os judeus — quanto as demais nações — com os gentios — estarão sujeitos à sua autoridade divina.
Das condições do milênio:
Em Daniel 7:27 podemos contemplar a grandeza do reino.
Será um reino de pleno conhecimento - O ministério do Rei guiará seus súditos ao pleno conhecimento, através do Espírito Santo, conforme Isaías 11:1,2,9; Isaías 41:19,20; Isaías 54:13; Habacuque 2:14.
Será um reino de paz - Não haverá guerras e um mundo unificado. Os judeus não serão mais perseguidos e as nações não tentarão destruir Israel. A paz individual e nacional é fruto do reino messiânico, conforme Isaías 2:4; Isaías 9:4 a 7; Isaías 11:6 a 9; Isaías 32:17,18; Isaías 33:5,6; Ezequiel 28:26; Ezequiel 34:25,28; Oséias 2:18; Miquéias 4:2,3 e Zacarias 9:10.
Será um reino de alegria - Não haverá mais dor e tristeza e vivenciaremos a plenitude da alegria, conforme Isaías 9:3,4; Isaías 12:3 a 6; Isaías 14:7,8; Isaías 25:8,9; Isaías 30:29; Isaías 42:1; Isaías 42:10 a 12; Isaías 52:9; Isaías 60:15; Isaías 61:7,10; Isaías 65:18,19; Isaías 66:10 a 14; Jeremias 30:18,19; Jeremias 30:18,19; Jeremias 31:13,14; Sofonias 3:14 a 17 e Zacarias 8:18,19.
Será um reino de santidade - O reino teocrático será um reino santo. A terra será santa, a cidade será santa, o templo será santo e os súditos serão santos, conforme Isaías 1:26,27; Isaías 4:3,4; Isaías 29:18 a 23; Isaías 31:6,7; Isaías 35:8,9; Isaías 52:1; Jeremias 31:23; Ezequiel 36:24 a 31; Ezequiel 37:23,24; Ezequiel 43:7 a 12; Joel 3:21; Sofonias 3:11,13; Zacarias 8:3; Zacarias 13:1,2 e Zacarias 14:20,21.
Será um reino de justiça - A justiça será administrada a cada indivíduo de forma justa e perfeita, conforme Isaías 9:7; Isaías 11:5; Isaías 32:16; Isaías 42:1 a 4; Isaías 65:21 a 23; Jeremias 23:5; Jeremias 31:23 e Jeremias 31:29,30.
Será um reino no qual a maldição será retirada - A maldição original colocada sobre a criação em Gênesis 3:17:19, será eliminada. A terra será produtiva e abundante. Os animais serão transformados, os nocivos perderão veneno e a ferocidade, conforme Isaías 11:6 a 9; Isaías 35:9 e Isaías 65:25.
Será um reino, onde a doença será eliminada - Haverá cura em toda a terra, as doenças serão eliminadas. No entanto, para pecados públicos haverão castigos com doenças e mortes conforme Isaías 33:24; Jeremias 30:17 e Ezequiel 34:16.
Será um reino, onde haverá cura para deformados - Haverá cura para toda a deformidade conforme Isaías 29:17 a 19; Isaías 35:3 a 6; Isaías 61:1,2; Jeremias 31:8; Miquéias 4:6,7 e Sofonias 3:19.
Será um reino, onde haverá reprodução dos vivos - Os santos que entrarem no milênio com seus corpos naturais terão filhos. A população da terra aumentará, possivelmente atingindo bilhões de pessoas. Os que nascerem durante o reino milenar, precisará se arrepender, pois terá a natureza pecaminosa, então a salvação será necessária, conforme Jeremias 30:20; Jeremias 31:29,30; Ezequiel 47:22 e Zacarias 10:7,8.
Será um reino, caracterizado por trabalho - As pessoas não ficarão sem fazer nada o dia inteiro. Haverá um sistema econômico perfeito, as necessidades dos homens serão providas pelo trabalho, afinal, até Deus trabalhou no início da criação e trabalha até hoje! A agricultura e a manufatura proverão empregos, conforme Isaías 62:8,9; Isaías 65:21 a 23; Jeremias 31:5 e Ezequiel 48:18,19.
Será um reino de prosperidade econômica - Haverá um sistema perfeito de trabalho e uma economia abundante, não haverá falta de comida ou necessidade, conforme Isaías 4:1; Isaías 30:23 a 25; Isaías 35:1,2; Isaías 62:8,9; Isaías 65:21 a 23; Jeremias 31:5,12; Ezequiel 34:26; Miquéias 4:1,4; Zacarias 8:11,12; Zacarias 9:16,17; Ezequiel 36:29,30; Joel 2:21 a 27 e Amós 9:13,14.
Será um reino, onde haverá aumento da luz - A luz solar e lunar nessa era terá um aumento, provavelmente isso aumentará a produtividade na terra, conforme Isaías 4:5; Isaías 30:26; Isaías 60:19,20 e Zacarias 2:5.
Será um reino, onde a adoração é unificada - Todas as nações da terra se unirão na adoração a Deus e ao Messias, conforme Isaías 45:23; Isaías 52:1; Isaías 52:7 a 10; Isaías 66:17 a 23; Zacarias 8:23; Zacarias 9:7; Zacarias 13:2; Zacarias 14:16; Sofonias 3:9; Malaquias 1:11; Apocalipse 5:9 a 14.
Silas Anastácio é fundador do Ministério Davar, evangelista e expositor bíblico com sólida atuação há mais de uma década em temas relacionados ao Estado de Israel e à comunidade judaica. Também desempenha papel estratégico nos bastidores da mídia evangélica, contribuindo para a articulação e divulgação de conteúdos que fortalecem os valores da fé cristã.
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