Um pastor mexicano foi morto a tiros em junho. O acontecimento reforça a deficiência no combate às ameaças contra os cristãos em Juarez, cidade que fica do outro lado da fronteira de El Paso, Texas.
Eduardo ‘Lalo’ Garcia foi baleado pelo menos seis vezes no dia 8 de junho, enquanto era perseguido por assaltantes que se acredita serem membros do tráfico de drogas, comércio que é abundante nas cidades do norte do México.
Ele estava tentando fugir dos atiradores em seu carro, mas ele foi perseguido e baleado. Seu carro acabou entrando em um ponto de ônibus e depois bateu em outro carro, antes de morrer.
Durante sua entrevista com o World Watch Monitor no ano passado, o pastor havia falado sobre o assassinato de seu filho de 24 anos, Abraham, em 2009.
“O telefone tocou e ouvi minha esposa gritar. Eu estava no segundo andar, mas a ouvi chorar muito alto”, lembrou o pastor. “Então desci rapidamente e perguntei: 'O que aconteceu?' E ela apenas disse: 'Eles mataram Abraão'. A dor que sentimos é muito forte”, contou na entrevista.
“Por este motivo, decidimos tentar resgatar a cidade, mas nunca imaginei que nos tornássemos parte das estatísticas". Dezoito meses após a morte de seu filho, a filha do pastor, Griselda, foi sequestrada e seu pai foi forçado a pagar um resgate para garantir sua libertação.
Jorge Rodriguez, diretor de Assuntos Religiosos do governo da cidade, disse ao World Watch Monitor no ano passado que os julgamentos da família Garcia destacaram crimes que, em muitos casos, não são divulgados.
“Os criminosos estão afetando toda a cidade e especialmente a comunidade cristã porque somos um povo de paz”, disse ele. “Em muitos casos, os abusos nem sequer são denunciados, mas temos casos específicos de pastores sendo sequestrados e filhos de pastores sendo sequestrados, como no caso do pastor Eduardo Garcia e sua família”, conta.
O assassinato do pastor ocorreu em plena luz do dia em uma cidade que já foi conhecida como a capital onde há mais assassinatos do mundo. O governador do estado de Chihuahua, do qual Juarez é a maior cidade, admitiu no ano passado que seu governo não tem meios para combater o crime organizado e disse que pediu recursos federais para combater os cartéis de drogas.
De 2007 a 2014, milhares de pessoas foram mortas a cada ano em Juarez por conta da violência relacionada ao crime organizado. Em 2011, o número de mortos no México era maior até do que na Síria, e Juarez estava no centro dele.
A maior parte da violência está relacionada às drogas e está centrada na fronteira norte do México, com 3 mil quilômetros de extensão, onde os cartéis buscam levar os medicamentos da Classe A para a última etapa de sua jornada da América do Sul para os Estados Unidos.
Embora a violência afete a todos, “os cristãos ativamente praticantes” são particularmente vulneráveis, segundo Dennis Petri, analista latino-americano da Portas Abertas, organização que apóia os cristãos perseguidos em todo o mundo.
"Sempre que um cristão começa a se envolver em trabalho social, isso é uma ameaça direta às atividades e interesses do crime organizado, porque afasta a juventude deles, por isso é uma ameaça direta ao seu mercado", esclareceu.