Uma equipe multidisciplinar formada por 21 cientistas apontam evidências de uma bola de fogo que explodiu próximo ao Mar Morto há cerca de 3.600 anos, ecoando a destruição de Sodoma descrita pela Bíblia.
O relatório científico, publicado na segunda-feira (20) na revista Nature, apresenta evidências de que em 1650 a.C uma explosão aérea cósmica destruiu Tall el-Hammam, uma cidade da Idade do Bronze no sul do Vale do Jordão, a nordeste do Mar Morto.
Os experimentos indicam que as temperaturas excederam 2.000 °C, destruindo o palácio, os muros da cidade e estruturas de tijolos. Além disso, um influxo de sal relacionado com a explosão produziu hipersalinidade, inibindo a agricultura por centenas de anos na região do Mar Morto.
“O sal foi jogado para cima devido às altas pressões de impacto”, disse James Kennett, professor emérito de Ciências da Terra na Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, em comunicado. “E pode ser que o impacto tenha atingido parcialmente o Mar Morto, que é rico em sal”.
Os cientistas concluem no relatório que há uma semelhança com o relato bíblico da destruição de Sodoma e Gomorra: “Não há escritos ou livros da Bíblia conhecidos, além de Gênesis, que descrevam o que poderia ser interpretado como a destruição de uma cidade por uma explosão aérea ou evento de impacto”, afirmam.
Sodoma foi realmente encontrada?
Tall el-Hammam seria então a cidade bíblica de Sodoma? Kennett evita fazer afirmações. “Todas as observações declaradas em Gênesis são consistentes com uma explosão aérea cósmica, mas não há prova científica de que esta cidade destruída seja de fato a Sodoma do Antigo Testamento”, afirma.
De acordo com o site Christianity Today, muitos arqueólogos não acreditam que Tall el-Hammam seja realmente a Sodoma bíblica. Um deles é Robert Mullins, da Azusa Pacific University, que junto com outros arqueólogos evangélicos e estudiosos da Bíblia, cita a cronologia como uma questão importante.
Cientistas descobrem evidências de explosão de meteoros que destruiu cidade bíblica. (Foto: UC Santa Barbara)
Segundo a cronologia bíblica, os acontecimentos na vida de Abraão e sua família, incluindo a destruição de Sodoma e Gomorra, teriam sido três a quatro séculos antes. Em 1650 a.C., os israelitas estavam no Egito, faltando ainda 200 anos para o Êxodo, defende Mullins.
O arqueólogo Steve Ortiz, diretor do Centro de Arqueologia Lanier da Universidade Lipscomb, aponta Tall el-Hammam como um local importante, mas concorda que sua data de destruição é tarde demais para se ajustar ao cenário de Sodoma.
“A destruição deles não parece diferente de qualquer outra destruição. Temos destruições assírias e egípcias em Gezer que parecem igualmente dramáticas”, disse ele ao Christianity Today.
O arqueólogo israelense Aren Maeir, da Universidade Bar Ilan, notou uma falta de citações a outros estudos arqueológicos e achou que a destruição descrita pelo relatório não é incomum na história, citando até mesmo o ataque de Hazael, rei da Síria, à Gate (relatado em 2 Reis 12:17)
Questionamentos sobre a localização
O desacordo arqueológico sobre Sodoma não está centrado apenas na cronologia, mas também na localização. Sodoma estaria localizada mais ao extremo sul do Mar Morto.
Steven Collins, co-diretor da escavação de Tall el-Hammam, frequentemente cita Gênesis 13, onde Abraão e Ló acamparam entre Betel e Ai e olharam para Sodoma, o que parece favorecer sua localização ao norte do Mar Morto. Para Mullins, no entanto, Collins rejeita Gênesis 18:16. “Abraão está em Mamre olhando para Sodoma; não se pode ver o Hammam da área de Hebron”, observou ele.
“Não há dúvida de que este é um local incrível”, concluiu Mullins. "Mas eles vão ter que apresentar mais evidências de que é Sodoma.”