Colunista diz que ‘todo castigo pra crente é pouco’ e é repudiado por cristãos

O colunista Anderson França foi repudiado após comentar o caso de Flordelis e acusar evangélicos de cometer outros crimes.

Fonte: Guiame, com informações do MetrópolesAtualizado: quinta-feira, 3 de setembro de 2020 às 15:22
Atualmente, Anderson França é um colunista do site "Metrópoles". (Foto: ARTHUR COSTA / CARTA CAPITAL)
Atualmente, Anderson França é um colunista do site "Metrópoles". (Foto: ARTHUR COSTA / CARTA CAPITAL)

O vice-presidente da Câmara Legislativa, deputado distrital Rodrigo Delmasso (Republicanos-DF) e o presidente da Convenção Evangélica das Assembleias de Deus do DF, pastor Geovani Neres, divulgaram notas de repúdio ao artigo intitulado “Todo castigo pra crente é pouco”, escrito pelo colunista Anderson França e publicado no site Metrópoles. 

No texto, o colunista abordou o caso da deputada federal evangélica Flordelis, acusada de ter mandado matar o próprio marido e aproveitou para afirmar que a parlamentar “representa os evangélicos” do Brasil.

O artigo é, de fato, recheado de expressões preconceituosas e ofensivas, a começar pelo próprio título e continuando na linha de descrição: “E se o crente for corno, dobra o castigo,
que Deus é justo”.

O colunista também afirmou que tem “45 anos de igreja protestante” e que a deputada Flordelis “representa a igreja evangélica, em gênero, número e grau de homicídio qualificado”.

Anderson segue acusando todos os evangélicos de diversos outros tipos de crimes e atitudes vergonhosas, como invasão de terreiros, violência contra gays, extorsão de dinheiro dos pobres, propagação do ódio, obrigar criança de 10 anos a ter filho, apoiar milicianos, entre outros.

Repúdio

Em sua nota de repúdio, Delmasso afirmou que o segmento evangélico ficou “profundamente ofendido” com o artigo e que com a publicação do texto, Anderson França “cometeu um erro ao generalizar a crítica” e “Atingiu a honra de cada cristão protestante no DF”.

A nota foi lida na sessão remota da Comissão de Educação, Saúde e Cultura (Cesc) da última segunda-feira (31).

No Congresso Nacional, outros parlamentares evangélicos, como o deputado federal Milton Vieira (Republicanos-SP), também criticaram a abordagem preconceituosa do colunista em seu artigo.

Milton Vieira — que também é pastor — questionou severamente a publicação do texto. “Ele faz diversas críticas aos evangélicos e cristãos. Esse lixo de matéria, uma matéria preconceituosa, contra pastores, contra quem tem sua fé voltada para Jesus. Ele diz num trecho que Jesus cheirou cocaína”, assinalou.

O parlamentar se referiu ao trecho do artigo que diz que “O Jesus evangélico cheirou muita cocaína e saiu de casa com inveja do irmão Satanás”.

Vieira planeja falar sobre a questão com a Frente Parlamentar Cristã no Congresso, para analisar uma eventual convocação do jornalista e do jornal. O parlamentar exige um pedido público de desculpas.

“Como um cidadão pode usar um instrumento… falam de liberdade de expressão, mas isso é abuso… como pode atacar a fé cristã…Fica a nossa indignação aqui, presidente”, destacou.

O presidente da Convenção Evangélica das Assembleias de Deus do DF, pastor Geovani Neres, também emitiu uma nota oficial, repudiano o artigo. Em seu texto, o líder cristão destaca que o artigo tem tom "sarcástico e irresponsável", comentendo "verdadeiro crime contra a honra da Igreja Evangélica brasileira".

Leia na íntegra das notas de repúdio: 

Nota de Rodrigo Delmasso

Manifestamos publicamente nosso repúdio à matéria publicada no portal Metrópoles com o título “Todo castigo pra crente é pouco”, assinada pelo escritor Anderson França, no dia 28 de agosto passado.

O texto aborda de forma preconceituosa o comportamento de todo um segmento importante da sociedade brasileira e em especial brasiliense.

Toda e qualquer generalização de comportamento não contribui para o debate político desse momento, pois atinge de forma indistinta todo um segmento que, na sua maioria, é formado por pessoas cumpridoras de seus deveres, cientes de suas obrigações e o fazem sempre pautados em princípios, contribuindo de forma positiva para o aprimoramento de nosso crescimento enquanto sociedade.

Para que possamos alcançar uma sociedade mais justa e igualitária amparada nos mais caros princípios democráticos, não podemos atacar de forma impensada o livre exercício de crença de cada cidadão, assim como feito no artigo mencionado, que a despeito de defender sua liberdade de expressão atingiu a honra subjetiva de cada cristão.

Para o pleno exercício da democracia é fundamental que sejam dissipados os preconceitos, a generalização e o estereótipo cristão-religioso.

A manifestação de fé nas suas mais variadas formas e pelos mais variados motivos constitui-se em um dos valores mais sagrados do homem e deve ser sempre preservada em prol da nossa sociedade.

Nesse sentido, o artigo não contribui para esse debate, pelo contrário, ele fomenta a divisão, o preconceito, o ódio e a intolerância, tudo aquilo que ele procura na prática combater.

Portanto, fica registrado em nome do segmento evangélico o nosso repúdio à matéria, pois atingiu de forma generalizada um dos mais importantes segmentos de nossa sociedade, composto por pessoas na sua maioria ordeira, de boa-fé e fiel cumpridora de seus deveres.

Eventual desvio de certas pessoas não tem o condão de macular todo um segmento, que continua fiel a seus princípios e os defendem de forma intransigente.

Nota da Convenção das Assembleias de Deus

A Convenção Evangélica das Assembleias de Deus do Distrito Federal (CEADDIF), através de seu Presidente – Pastor Geovani Neres Leandro da Cruz, vem por meio desta Nota manifestar seu público REPÚDIO ao conteúdo produzido pelo escritor Anderson França do Jornal Metrópoles.

Em coluna do referido jornal, o “ativista, roteirista e escritor” Anderson França publicou em 28/08/2020 uma matéria intitulada “Todo castigo pra crente é pouco”, na qual, tomando o caso da senhora Flordelis de repercussão nacional, ataca e desrespeita a comunidade evangélica brasileira.

Em tom satírico e irresponsável, o escritor comete um verdadeiro crime contra a honra da Igreja Evangélica brasileira por meio da linguagem e opiniões que emprega. Ao usurpar da prerrogativa à liberdade de expressão, se vê no direito de caluniar, injuriar e difamar a Instituição e o corpo místico de Cristo Jesus atribuindo, por sinédoque, aos pastores e membresias evangélicos a responsabilidade de homicídios, sexismos, racismos, homofobias, entre outros. Práticas com as quais não compactuamos e, inclusive, condenamos.

Portanto, dentro do marco legal e democrático em que se insere a Igreja Cristã Evangélica, com respeito às falácias apresentadas na matéria em questão, REPUDIAMOS o conteúdo e as acusações perpetradas por Anderson França, nos seguintes termos:

A Igreja Evangélica protestante não é produto de uma dissidência do catolicismo romano. Antes bem, é resultado histórico e espiritual de uma REFORMA dos aspectos que estavam sendo distorcidos com respeito aos dogmas e práticas cristãs;

A experiência ou conduta negativa (tomando os valores bíblicos e republicanos como referência) de algum indivíduo, que compôs ou compõem a comunidade evangélica, não pode por metonímia moral ser a fiel representação de todos os membros. A sra. Flordelis, entre outros citados, que se desviam dos valores ensinados por Cristo não representam a Igreja;

A liberdade de expressão jornalística não prescinde do respeito à dignidade dos evangélicos ou de quem quer seja. Nosso direito começa quando o seu termina! O seu direito à livre manifestação de opinião tem limite quando a honra da Igreja é violada, violentada – ainda que verbalmente;

É inegável e reconhecível que a comunidade evangélica tem contribuído contundentemente para a transformação positiva de nossa nação, na busca de uma sociedade justa, igualitária e livre defendendo os valores do Estado Democrático de Direito. Inúmeras obras sociais e de ajuda humanitária são testemunhas incontestes do papel cívico dos verdadeiros cristãos evangélicos;

Seria de bom tom que o Jornal Metrópoles, como veículo de comunicação em massa e o Sr. Anderson França, como formador de opiniões divulgassem nota manifestando uma necessária retratação, fazendo “separação entre o joio e o trigo”.

No demais, estimamos que todos possamos nos unir e conviver em harmonia, ainda que divergindo de opinião e expressão religiosa. Respeito sempre!

“E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição.”
Colossenses 3.14

 

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