Livros didáticos estão sendo usados para doutrinar crianças a serem hostis aos cristãos, na Arábia Saudita. As informações são de um relatório do Observatório dos Direitos Humanos, uma organização internacional não-governamental que defende e realiza pesquisas sobre os direitos humanos. O documento diz que o material usado nas escolas do país estão repletos de “linguagem de ódio” em relação as pessoas da fé cristã e de outras que não sejam o islamismo.
Na lista de religiões atingidas pelo conteúdo nocivo dos livros estão inclusos os cristãos e também os judeus. Para exemplificar, um livro didático do quinto ano declara que “é dever de todo muçulmano excomungar os ‘kifars’”, que significa descrentes. O material ordena: “Aquele que não excomungá-los ou duvidar da infidelidade religiosa deles pode se considerar também um descrente”.
Já em outro capítulo há o direcionamento aos alunos muçulmanos que eles devem “reservar lealdade a Deus, ao profeta e aos outros crentes, e mostrar hostilidade aos descrentes”.
A Arábia Saudita tem sido pressionada para reformular o conteúdo do currículo escolar desde os ataques de 11 de setembro de 2001. Apesar das autoridades terem prometido a correção, o relatório mostra que não houve mudança nos últimos 12 anos.
Para o diretor do Centro para Liberdade Religiosa em Washington, nos Estados Unidos, a Arábia Saudita precisa suspender os contratos multibilionários aprovados recentemente no país “enquanto o governo saudita publicar, postar, aprovar, financiar e distribuir materiais didáticos que direcionam violência e ódio contra qualquer grupo religioso, o que pode incluir cidadãos norte-americanos”, colocou.
Evidências
Um dos casos que chamou atenção da imprensa foi a prisão de 28 cristãos que participavam de um reunião de oração na casa de um indiano na cidade de Khafji (cidade na fronteira entre Arábia Saudita e Kuwait). O Portal Guiame noticiou que um ministro do governo saudita afirmou não ter conhecimento das prisões, mas o caso foi relatado em vários meios de comunicação do país.
Apesar da perseguição, há um crescimento no número de cristãos. De acordo com um relatório da organização Portas Abertas, o cristianismo era praticamente inexistente há 10 anos. haviam apenas 50 cristãos na Arábia Saudita em 1910. Já em 2010, o cristianismo explodiu para 4,4% da Arábia Saudita. Apesar de não ser uma maioria, os dados representam o crescimento significativo na região.