Um ampla coalizão, incluindo vários cristãos e outros grupos religiosos, pretende impedir a legalização do suicídio assistido na Escócia. O Parlamento Escocês já está se preparando para consultar o público sobre a mudança na legislação.
Fazem parte do movimento pró-vida a Associação Médica Cristã, CARE (Ação Cristã de Educação e Pesquisa) para a Escócia, a Igreja Católica, o Christian Institute e a Aliança Evangélica.
“Eles deveriam prevenir o suicídio, não ajudá-lo com a introdução de uma lei com consequências mortais e irreparáveis”, disse Mark Pickering, CEO da Christian Medical Fellowship, que pediu mais investimento em cuidados paliativos de qualidade.
A coalizão Care Not Killing (CNK) se opõe veementemente à alteração da lei e alerta que isso levaria as pessoas vulneráveis a se sentirem pressionadas a acabar com suas vidas. “Isso afetaria especialmente as pessoas com deficiência, idosos, doentes ou deprimidos”, disseram os responsáveis da CNK.
Pressão para acabar com a própria vida
Conforme a coalização “a pressão que as pessoas sentirão para acabar com suas vidas, se o suicídio assistido ou a eutanásia forem legalizados, será muito acentuada”.
O momento é complicado em relação à economia do país e as pessoas estão enfrentando ainda as consequências da pandemia por Covid-19. A Conferência dos Bispos Católicos da Escócia disse que era provável que quaisquer disposições legais para o suicídio assistido só fossem alargadas com o tempo.
“Legalizar o suicídio assistido colocaria uma pressão incomensurável sobre as pessoas vulneráveis, para que terminassem suas vidas prematuramente, por medo de ser um fardo financeiro, emocional ou de cuidados para os outros”, disseram os bispos.
Todos da coalizão concordam que a morte “não é uma opção de tratamento” e que em outros países onde a eutanásia é permitida, também é disponibilizada para além das pessoas com doenças terminais.
Médicos também estão contra o projeto de lei
O suicídio assistido já é legal na Holanda e na Bélgica, desde 2002. Ambos os países permitem o suicídio assistido para menores e em casos de saúde mental.
A preocupação com as propostas escocesas não vem só das comunidades religiosas, mas também de quase 200 profissionais médicos que escreveram para o secretário de Saúde, Humza Yousaf, no mês passado, expressando uma “grande preocupação com o projeto de lei”.
“Muitos optam pelo suicídio assistido porque temem ser um fardo. Enquanto isso, todos os dias, pessoas morrem de angústia porque os cuidados paliativos de alta qualidade não são suficientemente financiados ou disponíveis. Esta é uma tragédia que podemos e devemos remediar”, dizia a carta.
Propostas extremas e perigosas
“Alguns pacientes podem nunca considerar o suicídio assistido, a menos que lhes seja sugerido. A ironia cruel desse caminho é que a legislação introduzida com a boa intenção de aumentar a escolha do paciente diminuirá as escolhas dos mais vulneráveis”, conforme a carta dos médicos.
O Dr. Gordon Macdonald, presidente-executivo do CNK, chamou as propostas do projeto de lei de “extremas e perigosas”. Simon Calvert, do The Christian Institute, acrescentou: “A escolha de morrer muito rapidamente se torna um dever de morrer”.
Além disso, Calvert comentou que as drogas dadas às pessoas para se matarem podem causar intenso sofrimento.
“A verdadeira compaixão por aqueles que estão em estado terminal significa valorizar suas vidas, dar-lhes esperança e garantir que os cuidados paliativos de alta qualidade estejam disponíveis para todos os que deles precisam”, concluiu.