Na manhã desta quinta-feira (26), a Ordem dos Ministros Evangélicos do Ceará (ORMECE) recebeu na Igreja Presbiteriana Central de Fortaleza (CE), a Visão Mundial para a realização do encontro "Conversas Pastorais", com a preleção do Pr. Ed René Kivitz.
O evento realizou-se durante o Café de Pastores, realizado mensalmente pela ORMECE e reuniu lideranças de diversas denominações da capital cearense.
Palestrante convidado para ocasião, o pastor Ed René Kivitz falou sobre o tema uma mensagem já pregada pelo renomado teólogo e escritor norte-americano John Stot e destacou que o cristão vive entre reconhecer o que Deus tem feito e o que ainda está por vir.
"John Stot diz que o cristão vive entre o 'já' e o 'ainda não'. [...] Entre reconhecer que já tem o Espírito Santo consigo, mas ainda não está completamente purificado", destacou.
Kivitz também lembrou que viver em apenas um destes extremos não caracteriza um cristianismo saudável.
"Quem vive só no 'já' acaba se tornando um otimista, ingênuo, triunfalista. Mas também quem só no 'ainda não' se torna um pessimista. Se algo de bom acontece, devo isso ao que Deus já fez e algo está errado, olho para o que Ele ainda pode fazer. Mas no meio disso tudo a gente trabalha", alertou.
Exemplificando este raciocínio de modo prático, o pastor citou cristãos que chegam a deixar de agir em seu meio social / comunitário por viver em um destes extremos.
"É como se nós pedíssemos para orar pela cura de uma irmã e aqueles que vivem só no 'ainda não' dissessem: 'Não, pastor! Esta cura nós só vamos ter no céu'. Jesus ainda pode operar milagres e poderoso para curar. [...] Quando eu olho para a morte, olho com cara de ressurreição e digo: 'para trás!', porque ela e o diabo já estão despojados / desarmados", afirmou.
"Em cima do muro"?
Em entrevista exclusiva ao Guiame, Ed René Kivitz afirmou que que viver entre o "já" e o "ainda não" está relacionado a uma vida cristã equilibrada e não caracterizada pela "neutralidade".
"Estar no meio não é o mesmo que neutralidade. O meio é o engajamento contra as manifestações da morte na nossa sociedade. Na visão do John Stot, este meio é um equilíbrio, sabendo que já muitas coisas são possíveis, mas não todas. A turma que acha que tudo é possível vai viver um triunfalismo falso e a turma que acha que nada é possível vai viver uma omissão, passividade que interessa à morte. Então, estar no meio não é estar neutro, mas sim engajado a favor da vida e contra a morte", destacou.
Quando questionado sobre a dificuldade que muitos cristãos têm de olhar para a morte como um fator que pode ser vencido em Cristo, Kivitz alertou para a existência de um conceito fatalista do ser humano sobre a morte.
"Há um fatalismo, no sentido de achar que 'o que tem que ser, será', que as coisas não podem mudar e que a morte não pode ser enfrentada. Mas também no sentido de achar que tudo o que acontece é da vontade de Deus e, portanto você não precisa enfrentar nada, só aceitar... Isto também é um fatalismo", explicou.
"A maneira [mais equilibrada] de se viver isto, é entender que ser o humano é um 'co-protagonista' de sua própria história. A história é escrita a quatro mãos: as mãos de Deus e as mãos humanas. E as mãos humanas podem fazer tanto o mal quanto o bem. Quanto mais rendidas a Deus, mais o bem elas conseguirão protagonizar".