
Diante daquelas delícias, era impossível não comer demais. Depois da sobremesa, a sensação anestesiante de fartura e excesso me lembrava que até coisas boas têm limites. No dia seguinte tudo voltava ao normal. Ao longo dos anos, essa tradição ensinou a mim e meus irmãos duas coisas: (1) Deus é bom e, (2) se prestarmos atenção à vida, sempre haverá o que agradecer.
A história do Dia de Ação de Graças tem diversas raízes. Nas tradições cristãs da Inglaterra, a partir do século 16 reservava-se um dia para agradecer a Deus pelas colheitas ou pela proteção contra inimigos. Mais tarde, os emigrantes que iam da Inglaterra para a América levaram a tradição com eles. Acredita-se que o primeiro Thanksgiving norte-americano ocorreu em 1621, em agradecimento a Deus pela boa colheita. Até hoje o feriado é observado nos Estados Unidos e também no Canadá.
No Brasil observa-se o dia como data comemorativa sem caráter de feriado nacional. No início do século 20, Joaquim Nabuco, embaixador do Brasil em Washington, participou diversas vezes das comemorações nos Estados Unidos. De volta ao Brasil, declarou: “Eu quisera que toda a humanidade se unisse, no mesmo dia, para um agradecimento universal a Deus”. O Dia Nacional de Ação de Graças foi instituído no País em 1949 e é observado até hoje em novembro, na quarta quinta-feira do mês.
Um espírito de humildade e agradecimento se alinha com a cosmovisão cristã: “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (1Ts 5:18). O cristão vive na certeza de que os sofrimentos e os males deste mundo são temporários e que a vontade perfeita de Deus para cada um dos seus filhos se cumprirá. Assim, podemos procurar, mesmo nos dias mais sombrios, pontas de alegria e raios de esperança.
Aprender a agradecer não é um talento a ser aperfeiçoado, é apenas uma maneira de olhar o mundo e ver Deus nele. Isso podemos fazer todos os dias, mesmo sem peru e torta de abóbora.
- Mark Carpenter