Em novo artigo, publicado sexta-feira (3), o pastor Ed René Kivitz voltou a comentar sobre a redução da maioridade penal, assunto que tem gerado divisão de opinião em todas as classes sociais.
Segundo ele, os que defendem a diminuição estão focados na "necessidade de uma penalidade mais severa que deve ser imposta ao criminoso em idade menor de 18 anos". Mas ele concorda que alguns aspectos do ponto de vista dessas pessoas são coerentes, levando em conta a capacidade de compreensão de um adolescente ao cometer um crime.
Em contraponto, existem os que são contrários à redução da maioridade. Esses, segundo o pastor, avaliam a questão no todo da sociedade e do contingente de crianças, adolescentes e jovens, não apenas do crime e de um criminoso específico.
Os que são contra, têm considerações "voltadas a encontrar caminhos que promovam não apenas a justiça aos envolvidos, vítimas e algozes de um crime particular e localizado, mas à estrutura e dinâmica de uma sociedade cujos fundamentos estão comprometidos desde a base", explica.
"Considero coerente que o debate a respeito da maioridade penal leve em consideração o nexo lógico do ciclo de violência de uma sociedade desigual, não apenas em termos de riqueza e pobreza, mas principalmente nas condições desiguais em que crescem e são educados os ricos e pobres. E no tratamento desigual em termos de oportunidades e possibilidades que esta mesma sociedade oferece aos criminosos ricos e pobres", pondera Kivitz.
Para ele, também deve ser levada em consideração a amplitude de ações políticas públicas que trate a justiça social necessária para amanhã, e não apenas o crime cometido hoje.
"Quando penso no Brasil que desejo para os meus netos, não tenho dúvidas quanto ao fato de que há muito o que ser feito antes de reduzir a maioridade penal", afirma o pastor. "E como cristão me envergonho por ter passado pela minha cabeça a hipótese de retribuir o mal com o mal e construir uma sociedade baseada no 'olho por olho, dente por dente'".
Para concluir, Ed René escreve: "Foi Jesus quem ensinou: aqueles que acreditam que o caminho para a justiça e a paz é o apedrejamento dos pecadores devem entrar na fila para que também sejam apedrejados. Apenas uma sociedade construída na perspectiva da compaixão, da solidariedade, do perdão e do amor tem chances de sobreviver. Justiça seja feita. Mas justiça se faz com amor."