Sem mulheres com placas entre os rounds nem álcool na plateia, o Ultimate Reborn Fight (URF) tem sido uma ferramenta usada pela Igreja Renascer em Cristo para atrair jovens à mensagem do Evangelho.
Boa parte dos jovens atletas passou pelas mãos de Roberto Pedroso, de 38 anos, o pastor Giraia, que está à frente do Reborn Team desde o começo dos torneios.
“Deus tocou meu coração e me disse: através desse esporte, os jovens vão entrar na igreja e aprender o que Deus pode ser na vida deles. O MMA não é pecado, como muitos dizem, pelo fato de um bater no outro. Deus me falou isso”, disse ele em entrevista à Veja.
O pastor Giraia acredita que é comum haver uma resistência por parte da igreja, mas isso é mudado com o tempo. “Antes de o rock entrar na igreja, ele era do capeta. Nós tiramos o rock do capeta. Aleluia! Agora o rock é bênção. A maquiagem e o batom também eram do diabo, e a gente tomou dele. Agora é a vez do MMA. Há quem diga: ‘Isso não é coisa de Deus’. É coisa de Deus, sim”.
Ele também ressalta que existem diferenças entre o MMA tradicional e o “MMA gospel”. “Não aceitamos cotovelada. Se for usada, ela vai machucar e até rasgar o rosto. Também não há mulheres com roupa curta, nem bebidas alcoólicas. A plateia não xinga. Nada de: ‘Ei, juiz, vai t…”. O máximo é: ‘Uh, vai morrer’. Sempre oramos no início das lutas, e um pastor ministra a Palavra. É onde entra Jesus”, explica.
Roberto Pedroso, o pastor Giraia, abençoa nos vestiários o pupilo Zé Reborn. (Foto: Ismael dos Anjos)
No octógono os atletas são todos profissionais, ainda que em início de carreira. Não é preciso treinar na igreja e nem ser ligado à Renascer para participar do evento. O pagamento costuma ser em ingressos para os próprios torneios, de acordo com o nível do atleta.
Em entrevista à BBC Brasil em junho, o apóstolo Estevam Hernandes Filho, fundador da Renascer, disse que a igreja abriu suas portas aos treinos para atrair mais jovens para o esporte.
“O MMA é um esporte que exige muita dedicação e trabalho. Na igreja ele é praticado com a mesma qualidade: respeitando regras, com ordem e decência. Então não é manifestação de violência”, afirmou.
Ele acrescentou que o próximo passo da igreja no MMA é promover de um a dois eventos profissionais por ano e criar uma escola na favela de Heliópolis, em São Paulo. “Nosso objetivo é investir mais nestes eventos, não apenas em São Paulo, mas em outras regiões do país”.