Mulher descobre câncer na gravidez e marido relata milagres: ‘Deus tinha um propósito’

Carlos Franciscon e sua esposa Andrea relataram a jornada de fé com Deus durante os tratamentos de Sarcoma de Ewing.

Fonte: Guiame, Luana Novaes e Aline GonçalvesAtualizado: quarta-feira, 8 de janeiro de 2025 às 12:15
Carlos e Andrea. (Foto: Arquivo pessoal concedido ao Guiame)
Carlos e Andrea. (Foto: Arquivo pessoal concedido ao Guiame)

O teólogo e autor Carlos Franciscon testemunhou que sua esposa Andrea foi curada de um câncer raro. O diagnóstico, que chegou durante a gravidez, fez com que a família relatasse experiências com Deus no hospital que foram narradas em um livro para encorajar outras vidas.

Em uma entrevista exclusiva ao Guiame, Carlos contou que a esposa recebeu o diagnóstico de Sarcoma de Ewing durante a gravidez de sua filha mais nova, Amanda.

“A notícia de que algo estava errado dentro dela já era bastante assustadora, mesmo sem saber exatamente do que se tratava, saber que algo poderia afetar a nossa pequena Amanda me afligia muito, e também a Andrea”, disse ele. 

E continuou: “O diagnóstico do Sarcoma em si veio em momento posterior, quando exames mais detalhados após o nascimento puderam ter sido feitos. Também foi um grande baque, porém talvez pelo fato de estar anestesiado com as muitas complicações que já vinham acontecendo, embora ainda assim uma terrível notícia, mas eu estava mais conformado”.

Andrea também relatou como foi sua reação ao receber o diagnóstico: “Eu descobri o tumor com 12 semanas de gestação, mas que era um Sarcoma de Ewing só quando minha bebê tinha 3 meses, fui assustador. Minha filha era muito nova, meu filho tinha 5 anos e o medo de não poder acompanhar o crescimento deles me assustou. Mas, ao mesmo tempo, senti uma esperança e um acalento, pois tinha certeza de que, Deus faria o melhor para mim, independente do que fosse acontecer”.

Três meses após o nascimento de Amanda, Andrea iniciou um tratamento intenso, com o apoio de médicos brasileiros e internacionais.

“Foi angustiante não cuidar dela, tive que interromper a amamentação e isso me deixou bem chateada, mas o tempo todo ela estava bem assistida pelos meus familiares e amigos”, contou Andrea.

E continuou: “Carlos foi essencial em todo o tratamento, ele me apoiou o tempo inteiro, era meu porto seguro. Para quem eu chorava quando parecia que não ia aguentar. Me marcou muito a dedicação que ele teve com nossos filhos, a superação dele com o medo que ele tinha de hospitais, passando a ser um frequentador assíduo para sempre poder estar ao meu lado”.


A família. (Foto: Arquivo pessoal concedido ao Guiame)

O livro

Nesse período, Carlos precisou se organizar para cuidar dos filhos, da esposa e manter seu emprego.

“No início, eu tive dificuldade em dividir bem as atenções, foquei demais na Andrea e acabei dando menos atenção do que gostaria para os filhos, em especial o Lucas, que já tinha 5 anos. Porém, nos meses seguintes, eu consegui equilibrar melhor e pude dividir bem o tempo. Consegui juntar um bom tempo de férias no emprego também, o que me possibilitou estar tanto com as crianças quanto com a Andrea com boa dedicação”.

Além disso, ele começou a registrar os acontecimentos no bloco de notas do celular. Segundo ele, esse era um costume antigo:

“Muitos anos antes de todo o ocorrido, eu adquiri o costume de tomar notas de alguns acontecimentos, insights e até mesmo alguns sonhos, como sugestão de um querido amigo e terapeuta Custódio. No início das complicações da Andrea, as anotações tinham como objetivo inicial um desabafo da minha parte, uma espécie de diário para me ajudar a limpar um pouco a mente”. 

“Em uma das conversas iniciais com o oncologista, Dr. Rodrigo, antes dele detalhar como seriam as sequências de quimioterapias e radioterapias, ele perguntou se aceitávamos a doença. Fiquei pasmo com uma pergunta tão óbvia, porém ele me explicou que faz essa pergunta, pois muitos pacientes entram em um estado de negação, não aceitam e interrompem o tratamento”, acrescentou ele.

Porém, com o tempo, Carlos decidiu compilar suas anotações em um livro que poderia servir de ajuda para outras pessoas. 

“Decidi a partir daí que eu poderia fazer algo para influenciar as pessoas a não desistirem, e passei a pensar em formatar um livro baseado nas minhas anotações”, contou Carlos.

A experiência levou a lançar o livro “Na Alegria e Na Dor”, que atualmente está disponível em português, inglês e espanhol. Para além de uma história de luta contra o câncer, a obra desmistifica tratamentos e expõe com transparência os desafios enfrentados pela família. 

Experiências com Deus

Enquanto passava pelos tratamentos, Andrea testemunhou que sentia a presença de Deus através das orações dos cristãos.

“Eu ouvia muito essa frase: ‘Estou orando por você’. E é impressionante como isso me fortalecia. Eu sentia uma força que eu não sabia que eu tinha e sabia em meu coração que era das orações. Era como se tivesse um muro em volta de mim, me protegendo, mesmo em meio a tanta dor, elas me sustentavam de uma forma inexplicável. Sou extremamente grata a cada pessoa que me ajudou com simples orações em todo o tempo”, disse ela.

No entanto, Andrea destacou dois momentos em que teve uma experiência com Deus nesta jornada: “Em um determinado momento, eu sentia tanta dor que eu não suportava mais, fora a fraqueza e falta de apetite. E, nesse momento, eu pedi a Deus para morrer, não aguentava mais. Então, a angústia que eu estava sentindo passou e senti uma paz tão grande, que percebi que teria que continuar lutando”.

Em outro momento, Andrea contou que estava com uma hemorragia intensa, e o médico chamou sua mãe, que estava a acompanhando, e disse para ela chamar a família. Segundo Andrea, o médico achava que ela não iria resistir:

“Enquanto eles discutiam isso, eu senti que eu estava indo embora, senti uma paz muito grande e me senti feliz. E enquanto a sensação aumentava, lembrei que não tinha me despedido do meu filho e comecei a falar com Deus: ‘Pai, eu não posso ir, não falei tchau para o Lucas’. Foi quase instantâneo, eu senti como se eu voltasse para o meu próprio corpo e fiquei extremamente calma, mesmo em uma situação de quase morte”.

Para Carlos, o momento mais marcante desse processo foi depois que Andrea passou pela primeira cirurgia na tentativa de remover “o suposto cisto”, poucos meses após o nascimento de Amanda.

“A cirurgia teve que ser interrompida no meio, pois, segundo a médica, o tumor sangrava muito e o risco de óbito era grande. Tiveram que fechar o corte e, ao retornar ao quarto, a tristeza no semblante da minha esposa era grande. Eu estava preparando um chá para ela, quando fui tomado por uma força inexplicável e proferi de maneira totalmente automática as palavras: ‘Andrea, você vai sair dessa situação, vai ser um processo longo e difícil, mas você vai sair’”, declarou o autor. 

“Isso foi muito surpreendente, pois em sã consciência eu jamais diria algo assim sem ter certeza do que aconteceria. Entendi depois de tudo o que passou que fui tomado pelo Espírito Santo de Deus para dizer aquelas palavras”, acrescentou.

 
Carlos e os filhos. (Foto: Arquivo pessoal concedido ao Guiame)

Por fim, Carlos destacou que a fé em Deus foi essencial para sustentar sua família durante os momentos mais difíceis.

“Sou muito grato a Deus, pois desde os meus 20 anos de idade eu fui apresentado a uma fé muito sólida no Evangelho de Cristo. Uma fé que não omite problemas reais e não se baseia em achismos e nem charlatanismo, mas uma fé bíblica, honesta sobre a situação do mundo e da nossa realidade”, disse ele.

“Ao passar por tudo isso, pude me apegar mais ainda a minha fé em Deus, pois entendia que certamente havia um propósito em tudo o que estava acontecendo. Mesmo que o final poderia não ser do jeito que eu quisesse ou planejasse, eu tinha certeza que Deus também estava me amadurecendo para confiar plenamente nos seus desígnios e que eu deveria permanecer firme e forte nos papeis que ele me colocou, como marido e pai”.

O livro “Na Alegria e Na Dor” pode ser encontrado no Clube de Autores e na Amazon.

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