Nigeriana é presa por criticar a morte de cristã queimada em universidade

Jatau foi acusada de blasfêmia por reenviar uma mensagem no WhatsApp alertando sobre a violência dos muçulmanos.

Fonte: Guiame, com informações de Morning Star NewsAtualizado: quinta-feira, 6 de outubro de 2022 às 13:42
Rhoda Ya'u Jatau. (Foto: Reprodução/Morning Star News/Facebook)
Rhoda Ya'u Jatau. (Foto: Reprodução/Morning Star News/Facebook)

A cristã nigeriana de 45 anos, Rhoda Ya'u Jatau, que vive no nordeste da Nigéria, será julgada depois de ter ficado presa e incomunicável por mais de quatro meses, no estado de Bauchi.

Ela foi acusada de blasfêmia, em maio, após enviar uma mensagem via WhatsApp, condenando o terrível assassinato de Deborah Emmanuel Yakubu, uma estudante universitária, do estado de Sokoto, que também foi falsamente acusada de blasfemar contra o Islã.

Deborah tinha 25 anos. Ela foi espancada e depois queimada até a morte pelos próprios colegas de classe, no Noroeste da Nigéria. A motivação para o crime também começou através de mensagens no WhatsApp.

Sobre a acusação de blasfêmia e a prisão

Jatau compartilhou uma mensagem com colegas no condado de Warjique, que condenava a morte de Deborah, ocorrida no dia 12 de maio. 

Por ser cristã e defender uma cristã, os muçulmanos que viram a mensagem a acusaram de blasfêmia e tentaram matá-la. 

Agentes de segurança do Departamento de Serviços de Estado — polícia secreta da Nigéria — a prenderam no dia 20 de maio. Jatau foi encarcerada enquanto uma multidão muçulmana invadiu sua casa tentando matá-la, de acordo com o Morning Star News. 

“Jatau foi presa por falsas acusações de blasfêmia. Ela foi acusada de incitar distúrbios públicos, excitar desprezo pelo credo religioso e por perseguição cibernética”, explicou seu advogado, Joshua Nasara, em comunicado à imprensa.

“Os juízes estavam de férias”

“Os esforços para garantir a fiança de Jatau foram negados pelas autoridades governamentais e pelos líderes de grupos islâmicos no estado”, compartilhou o advogado. 

Nasara explicou que ao postar um vídeo que menospreza Alá, num grupo de WhatApp, Jatau foi supostamente acusada por “intenção de causar crise religiosa”, violando as Seções 114 e 210 da Lei do Código Penal e a Seção 24, da Lei de Prevenção de Proibição de Crimes Cibernéticos, de 2015.

“Jatau ficou detida por duas semanas antes de ser acusada e, desde então, está incomunicável na prisão, já que as autoridades e líderes muçulmanos do estado atrasaram seu julgamento”, disse Nasara.

Um pedido de fiança foi arquivado em 20 de julho, depois que ela ficou detida pelo período máximo legal de dois meses sem julgamento. O caso não havia sido encaminhado a um juiz. “Alegaram que os juízes estavam de férias”, disse o advogado. 

“Foi só no dia 11 de agosto que o pedido foi transferido para um juiz que me ouviu pela primeira vez”, explicou.

‘Muçulmanos pedem a morte de Jatau’

Ishaku Dano, líder da Igreja Evangélica Vencedora de Todos (ECWA, na sigla em inglês), disse que as acusações de blasfêmia são falsas. 

Ele explicou que Jatau compartilhou a mensagem no WhatsApp, apenas como uma palavra de cautela contra a violência no norte da Nigéria, onde multidões muçulmanas estão causando estragos.

“As informações que temos mostram que Jatau recebeu a mensagem e depois compartilhou em seu grupo para fazer o alerta. Ela não usou de linguagem depreciativa ao abordar a fé de outras pessoas, mas essa não foi a interpretação dos muçulmanos”, disse o pastor. 

“E desde então, os muçulmanos estão fazendo campanhas para que ela seja morta por blasfêmia contra Maomé”, continuou.

“O governo deve fazer todo o possível para proteger os nigerianos desses ataques terroristas, pois a vida é sagrada e deve ser protegida a todo custo”, disse outro líder cristão, Abraham Damina Dimeus.

Situação dos cristãos na Nigéria

A Nigéria foi líder mundial em número de cristãos mortos por sua fé, no ano passado, durante o período de 1º de outubro de 2020 a 30 de setembro de 2021, conforme a Portas Abertas. 

O número de 4.650 mortos está bem acima dos 3.530 do ano anterior, conforme os relatórios apresentados. O número de cristãos sequestrados também foi significativo na Nigéria, com mais de 2.500, acima dos 990 do ano anterior.

A Nigéria ficou atrás apenas da China no número de igrejas atacadas, com 470 casos, segundo o relatório. Na Lista Mundial da Perseguição, a Nigéria está em 7º lugar entre os países onde é mais difícil seguir a Cristo por causa da hostilidade, violência e discriminação.

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