Um pastor do estado de Tamil Nadu, no sul da Índia, tentou escapar de um grupo radical hindu que tentou executá-lo. Ele teve de saltar de um veículo em movimento depois de ser atacado. Seu filho também chegou a ser alvo dos ataques extremistas. A polícia se recusou a apresentar acusações contra os agressores.
O pastor Jayaseelan Natarajan e seu filho, que vem tentando há anos construir uma igreja no distrito de Karur, foram atacados no dia 20 de junho no local da construção da igreja, na área Thozilpettai. O grupo se opôs ao desejo do pastor, de construir uma casa para receber a congregação.
A Morning Star News relata que o pastor e seu filho foram atacados por cerca de 20 hindus. Sabe-se que eles podem estar associados ao grupo nacionalista hindu Rashtriya Swayamsevak Sangh, depois que eles foram acusados de administrar um bordel.
Um incidente ocorreu pela primeira vez no dia 18 de junho, quando o filho de Natarajan, Samuel, foi ao complexo da igreja para regar flores. Ele foi recebido por um dono de loja de bebidas hindu e um outro grupo. Eles o interrogaram sobre um mulher que eles acreditavam estar no complexo da igreja.
Depois que eles entenderam que não havia mulher, o dono da loja, chamado Kumar, ameaçou matar Samuel e seu pai. Dois dias depois, o grupo hindu voltou e atacou Natarajan e sua família.
"Kumar nos viu e sinalizou. Imediatamente uma multidão de 20 pessoas invadiu o complexo", disse Natarajan ao Morning Star News. "Perguntamos o que estava errado e por que eles estavam entrando nas instalações. Eles não prestaram atenção, pegaram vasos de flores e os esmagaram".
Segundo o site, Samuel foi atingido por um bastão de madeira, mas conseguiu escapar. No entanto, o pastor Natarajan não teve tanta sorte. "Eles me perseguiram e me bateram muito", disse ele.
Embora Natarajan tenha chamado uma ambulância, os próprios agressores enviaram uma outra ambulância dizendo aos médicos que ninguém estava ferido. Apesar de Natarajan ter conseguido alcançar a ambulância, os médicos se recusaram a levá-lo.
"Eu andei mancando e sangrando pela rua e implorei para a ambulância parar. Eu disse ao motorista quem eu era, mas ele me disse que só deveria pegar as pessoas do endereço que havia sido mencionado", disse Natarajan.
O pastor conseguiu continuar andando até ser visto por um amigo de Kumar, um advogado conhecido como Gobi. "Ele primeiro me bateu e depois me puxou com força para dentro de seu carro", afirmou.
"Ele ordenou ao motorista que nos levasse a um lugar desolado e disse que eu deveria ser morto naquele local. Pela graça de Deus, depois de viajar cerca de um quilômetro, havia uma rotatória e disjuntores de velocidade na estrada, e o motorista desacelerou o carro. Eu silenciosamente soltei a porta do carro e pulei rapidamente", explicou.
No entanto, Gobi supostamente parou o carro e, em seguida, pegou o pastor pelo colarinho e levou-o para uma delegacia de polícia que estava a apenas alguns metros de distância. Gobi acusou Natarajan de administrar um bordel e de estar envolvido em adultério, de acordo com a Morning Star News.
A polícia enviou Natarajan para um hospital para se recuperar e recebeu sua declaração oficial no dia seguinte. No entanto, o pastor diz que a polícia se recusou a retirar informações relacionadas à ameaça de morte contra ele e ao fato de que Gobi, que tem poderosas conexões políticas, o sequestrou e forçou-o a entrar no carro.
"Ele simplesmente escreveu uma nota curta que Kumar e uma turma de 15 a 20 criminosos me atacaram", disse o pastor Natarajan. "Quando perguntei por que ele não queria levar minha queixa contra Gobi, ele me ameaçou e disse que haveria uma contra-reclamação contra mim se ele registrasse o nome de Gobi".
Ranjendran Ramasamy, advogado de Natarajan, disse ao Morning Star News que nenhuma ação policial foi tomada contra os atacantes hindus uma semana após o ataque ter ocorrido.
"A polícia se recusou a registrar um BO (Boletim de Ocorrência) baseado na queixa do pastor Natarajan", disse ele. "Isso mostra o quão politicamente poderosos os atacantes são, que até mesmo a polícia não pode nomeá-los em um BO", disse o advogado.
Em maio, o proeminente líder hindu Om Swami Maharaj expressamente advertiu os cristãos na Índia a "deixarem agora" o país ou eles serão expulsos à força.