Policiais pregam o Evangelho para combater a corrupção entre corporações, no México

O grupo formado por cerca de 5.200 policiais acredita que o poder do Evangelho pode afastar os oficiais da corrupção e ajudá-los a combater o crime no México.

Fonte: Guiame, com informações do Estado de MinasAtualizado: segunda-feira, 10 de julho de 2017 às 18:13
Membros da 'Polícia Celestial' se unem para orar, antes de mais uma ação nas corporações. (Foto: Telemetro)
Membros da 'Polícia Celestial' se unem para orar, antes de mais uma ação nas corporações. (Foto: Telemetro)

Um grupo de cerca de 5.200 policiais do México está está se mobilizando para combater a corrupção e têm usado uma ferramenta poderosa nesta árdua batalha: a Palavra de Deus.

Conhecida como "Polícia Celestial", o grupo é formado por policiais federais e locais, além de militares, alguns deles na ativa e tem usado a mensagem bíblica e os testemunhos impactantes dos próprios oficiais para motivar outros policiais a se manterem afastados da corrupção.

Leonel Guillermoprieto, de 37 anos, acredita na eficiência das "Operações Celestiais" para ajudarem a alcançar este objetivo. Estas ações consistem na visita às corporações de todo o país para compartilhar o seu testemunho - bem como o de outros oficiais que o acompanham - e aproximar os policiais da mensagem do Evangelho.

Parte do seu depoimento se baseia em forma como acabou sendo preso, depois de ser corrompido e deixar a Polícia Federal.

"Comecei a ir para a América Central e comprar drogas para enviar à Europa; comecei a juntar muito dinheiro", contou o ex-agente à AFP.

Sua história no crime foi interrompida, quando acabou sendo preso na Guatemala e foi enviado para uma prisão federal nos Estados Unidos, onde cumpriria pelo menos 25 anos de pena.

Na prisão, ele acabou sendo evangelizado e se unindo a um grupo de outros detentos cristãos e, por isso, considera o dia 22 de setembro de 2007 como o início de seu ministério.

"Consideramos a data na qual o fundador, ou seja, eu, me entreguei a Jesus Cristo", disse em uma cafeteria de Tlalnepantla, no subúrbio da Cidade do México, que atualmente está entre as 50 regiões mais perigosas do país.

Leonel conta que passou apenas 15 meses na cadeia (somente o tempo em que aguardou o julgamento), pois segundo ele mesmo conta, um milagre aconteceu: no momento em que ia receber a sentença definitiva do juiz, o promotor - que deveria acusá-lo - começou a defendê-lo.

"Quem me tirou da prisão foi Deus e Ele fez isso para que eu O servisse", disse Leonel, antes de vestir o uniforme da "Polícia Celestial".

Sua organização é estruturada como qualquer outro órgão de segurança: há patentes de comando e seus membros usam uniformes parecidos com os da Polícia Federal do México, mas ao invés de um símbolo de segurança (que geralmente é ilustrado por armas) há uma cruz e uma Bíblia e nenhum deles anda armado, enquanto atuam neste ministério.

Os integrantes do grupo acreditam que a evangelização pode fazer com que os policiais entreguem suas vidas a Jesus e, se estiverem envolvidos com algum tipo de corrupção, abandonem estas práticas criminosas e ajam de acordo com a lei.

"Há pessoas que dizem 'acreditem que com uma Bíblia poderão fazer tudo', e não estamos dizendo para não usarem suas armas, mas sim para as usarem como manda a lei", conta.

O desafio da 'Polícia Celestial' não é nada pequeno. Segundo dados do Instituto de Estatísticas (INEGI), mais de 50% dos mexicanos consideram as organizações policiais - sobretudo as locais - corruptas.


"Há alguém importante"
A violência no México não para de crescer e tem sido assim há mais de 10 anos, desde o início de uma ofensiva militar do governo contra o crime organizado. Neste período, já foram mais de 186.000 mortes, segundo números oficiais.

Segundo Eduardo Aguilera, membro da 'Polícia Celestial' o pequeno número do contingente policial de Tlalnepantla, por exemplo é um fator preocupante. Chega a ser uma proporção de menos de um oficial por bairro.

"Temos 250 policiais ativos para cobrir 265 bairros", disse oficial, que também é chefe de polícia dessa localidade. "É impossível que alguém possa dar segurança total com esses números".

Por isso, Aguilera acredita que sua fé tem um grande papel em ajudar a corporação a diminuir a incidência de crimes.

"Aceitamos esse desafio porque sabemos que não estamos sozinhos. Sabemos que por trás de nós há alguém importante, que é Jesus", afirmou o policial antes de se juntar Leonel e outros agentes para fazer uma oração.

 

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