A cantora de 19 anos e vencedora do Grammy, Billie Eilish, falou recentemente sobre os danos causados a ela por ter sido exposta à pornografia aos 11 anos de idade. Seus comentários oferecem aos pais cinco lições úteis sobre como criar filhos numa cultura de facilidades digitais.
A análise sobre o testemunho de Eilish foi realizada por Josh Glaser, que é diretor executivo da Regeneration — organização formada por pessoas que viveram relacionamentos sexuais abusivos — e co-autor do livro que é usado como um guia para os pais: “Trilhando corajosamente por um mundo pornográfico”.
Em primeiro lugar, ele destaca que a exposição infantil à pornografia é cada vez mais normal. Embora muitos pais pensem que seus filhos não serão expostos a esses conteúdos, a verdade é que provavelmente eles serão.
De acordo com um estudo do Barna Group — organização cristã de pesquisas, com sede em Ventura, Califórnia (EUA) — em 2016, mais de 60% das meninas e quase todos os meninos foram expostos à pornografia na internet antes dos 18 anos.
A pesquisa também mostrou que quase 40% de todos os adolescentes com idades entre 13 e 17 estão vendo pornografia pelo menos uma vez por mês. Mediante essa realidade, “os pais deveriam priorizar as conversas regulares sobre sexo e pornografia, de forma adequada às idades dos filhos”, apontou Josh.
A pornografia também atinge as meninas
Em segundo lugar, ele destaca que as meninas também estão acessando conteúdos pornográficos. “Nos últimos anos, alguns homens famosos começaram a falar sobre o vício que eles tiveram que enfrentar em suas vidas”, observou.
É o caso de Terry Crews e Russell Brand. Agora, com o depoimento de Billie Eilish, ficou claro que as jovens também estão lutando contra a pornografia. “Na verdade, mais de uma em cada três mulheres com idades entre 13 e 24 anos acessam conteúdos eróticos pelo menos uma vez por mês. A pornografia está ‘moldando’ milhares de jovens desta geração”, fez o alerta.
“A pornografia destruiu meu cérebro”
A afirmação da cantora, ressaltando que “a pornografia destruiu seu cérebro”, é a terceira lição que pode servir de alerta aos pais. E Eilish está certa, de acordo com o Dr. William Struthers.
O médico disse que a pornografia “sequestra” o design sexual dado por Deus ao cérebro e o reconecta para se habituar ao uso da pornografia. “Ele explica que as crianças que lutam contra a pornografia precisam dos pais para lhes ajudar e dar apoio”, compartilhou Josh.
Isso porque o uso de pornografia não é apenas uma fase pela qual os adolescentes passam e superam. “Em vez disso, é um processo viciante que adapta mal o cérebro e requer um trabalho intencional e, muitas vezes, com a ajuda profissional para desfazer o estrago mental”, reforçou.
A pornografia é abusiva e violenta
Eilish admitiu que a pornografia que ela assistia era violenta e abusiva. Um estudo de 2007 descobriu que 88% dos cinquenta vídeos pornôs mais populares continham violência física contra mulheres, e a violência na pornografia só aumentou desde então.
Aqui está a quarta lição. É normal que as crianças tenham curiosidade sobre sexo
Além de normal, é saudável que elas façam perguntas, afinal de contas, elas vão crescer. “Porém, a pornografia é uma péssima educadora sexual”, frisou Josh.
Eilish diz que experimentou terrores noturnos com o sexo violento que testemunhou no pornô. Ela conta que quando se tornou sexualmente ativa, teve comportamentos de que se arrependeu. “Foi porque pensei que deveria me sentir atraída por esse tipo de coisa. Eu não entendia porque era ruim. Achei que era assim que se aprendia a fazer sexo”, revelou a cantora em entrevista ao podcast da Apple Music.
“Por isso, os pais devem fazer o possível para se tornar um lugar seguro para seus filhos, de modo que não levem suas questões sexuais, inseguranças e preocupações para o ambiente online”, continuou Josh.
As crianças não são culpadas
A última e quinta lição é que nossos filhos são vítimas. Eilish parece se culpar pela pornografia que viu, afirmando: “Estou com tanta raiva de mim mesma por pensar que estava tudo bem acessar pornografia”.
“A verdade, porém, é que esse fardo não deve recair sobre os ombros de uma criança de 11 anos. Quando um filho ou filha é exposto a esse tipo de conteúdo e se culpa pela destruição que se segue, isso apenas aprofunda a vergonha e convida a mais sigilo”, disse Josh.
“Os pais não serão capazes de impedir completamente os filhos de serem expostos à pornografia, mas podem procurar bons filtros e softwares de responsabilidade para ajudar nisso e, o mais importante, podem trabalhar para fomentar a confiança e a abertura de conversas sobre todas essas coisas em casa”, ele aconselhou.
“A pornografia feriu profundamente Billie Eilish e ela não está sozinha. Portanto, vamos orar por ela e enfrentar o desafio de ser pais em um momento como este”, concluiu o especialista.