Tudo ia bem na vida de Tim até que, um dia, ele não acordou. Em junho de 2014, ele conta que estava no início da faculdade de teologia. “Eu realmente gostava. Estava estudando a Bíblia e prestes a fazer as provas do fim do semestre”, contou.
Numa tarde, ele estava dormindo e a esposa entrou no quarto. “Eu tinha deitado somente para tirar uma soneca. Ela tentou me acordar, mas não conseguiu”, disse Tim ao explicar que a esposa percebeu sua respiração desregulada, como a de alguém prestes a morrer.
“Eu era saudável, não havia nada de errado comigo. Na época eu até fazia boxe e luta livre”, lembrou. Mas, de repente, Tim precisou ser levado às pressas para o hospital.
Morte cerebral declarada
“Minha esposa chamou a ambulância e me levaram para o hospital, mas ali mesmo eu tive morte cerebral declarada”, relata.
Os médicos procuraram a família de Tim para falar sobre a doação de órgãos, já que as chances de ele voltar eram mínimas. Não havia mais atividade cerebral conforme o exame de EEG (eletroencefalograma — método que monitora atividades elétricas do cérebro).
“Sei que recebi visitas no meu leito de hospital e essas pessoas disseram o que viram. Os médicos diziam que depois que o cérebro para, os demais órgãos do corpo se deterioram rapidamente, por isso eles já queriam desligar as máquinas”, destacou.
Poder da oração
“Minha esposa fez a única coisa que podia fazer naquele momento — ela orou, clamando a Deus. Nossa igreja coreana, em Sydney, na Austrália, também a apoiou nas orações, junto de várias pessoas ao redor do mundo”, mencionou.
“No terceiro dia, minha esposa viu meus dedos dos pés se moverem. Então, eu abri meus olhos. Ela conta que a primeira coisa que eu disse a ela foi que eu tinha estado no céu e encontrado Cristo”, lembrou.
Porém, Tim afirma não se lembrar de ter dito tais palavras. “Não me lembro do céu ou do encontro com Jesus. Mas ela confirma que eu descrevi tudo isso”, continuou.
Depois disso, Tim revela que os médicos ficaram constrangidos. “Eles disseram que eu não teria uma recuperação completa e que eu teria sequelas na fala ou nos movimentos. Mas ninguém foi capaz de me dizer o que tinha acontecido ou por quê”, refletiu.
“Deus trabalha independente dos meus sentimentos”
Tim recorda de se sentir confuso com esse ocorrido. “Por que aconteceu isso comigo? Eu sabia que poderia ter morrido e esse é um tipo de assunto sobre o qual nunca falamos”, disse.
“Na igreja, as pessoas começaram a me reverenciar, quase como um santo. Todos ficaram maravilhados e me chamavam de ‘homem milagre' ou 'Lázaro moderno'. Enquanto isso, eu sentia como se estivesse andando no deserto, espiritualmente”, revelou.
“Eu não sentia mais a presença de Deus. Quando as pessoas queriam ouvir minha história, eu sentia que me viam como uma pessoa famosa, mas eu estava vivendo uma luta interna”, disse.
Tim teve problemas com a memória de curto prazo, um problema que ainda enfrenta, às vezes, até o dia de hoje. “Mas, aos poucos, voltei para a faculdade de teologia. Repeti em algumas matérias, mas fiz de novo. Sete anos depois, estou fazendo minha última matéria este mês e estou prestes a concluir”, comemorou.
“Acho que Deus queria me mostrar que ele trabalha à sua maneira, estando eu sentindo ou não sua presença. Ele está presente e sempre esteve. Deus trabalha independente dos meus sentimentos”, resumiu.
“Ele está em todos os lugares”
Com a experiência que teve, Tim concluiu que Deus está em todos os lugares, ainda que não o vejamos.
“Deus trabalha quando estou no hospital, mas também quando estou no deserto espiritual e não consigo senti-lo. Ele diz 'Confie em mim'. Ele quer que cada um de nós o adore, por quem ele é, não pelo milagre ou pela forma que Ele assume”, compartilhou.
Tim lembra que Jó é um bom exemplo sobre como devemos nos posicionar diante de Deus: “Precisamos confiar que Deus é bom e soberano o tempo todo, independente da situação”.
“Jó respondeu ao Senhor: Sei que podes fazer todas as coisas; nenhum dos teus planos pode ser frustrado. Tu perguntaste: ‘Quem é esse que obscurece o meu conselho sem conhecimento?’ Certo é que falei de coisas que eu não entendia, coisas tão maravilhosas que eu não poderia saber”, Tim citou Jó 42.2,3 ao finalizar.