Como muitos já sabem, diversas igrejas pelo mundo têm sofrido com o grande número de evasão de crianças a jovens. Segundo o instituto de pesquisas "Christian Research", dentro de 15 anos, haverá cerca de 1,1 milhão a menos de jovens nas igrejas protestantes do que havia em 1990.
Consciente desta realidade, a Aliança Evangélica do Reino Unido nomeou um especilista em juventude para servir como seu diretor de missões em sucessão ao Dr Krish Kandiah.
Gavin Calver trabalha com jovens há cerca de 13 anos na missão "Youth For Christ" ("Mocidade para Cristo"- MPC), sendo por seis anos o seu director nacional. Ele segue em uma tradição de família: seu pai Clive trabalhou para ambas as organizações e seu avô Gilbert Kirby também foi diretor-geral da Aliança Evangélica.
O declínio - em todos os grupos de idade - não é o único problema enfrentado pela Igreja neste país, no entanto, os evangélicos enfrentam problemas particulares. Uma delas é como eles são percebidos pela sociedade em geral. Em estudo feito nos Estados Unidos sob encomenda da Mars Hill Church ressoa do outro lado do Atlântico e registra que no topo da lista de razões pelas quais as pessoas não vão à igreja estão a "intolerância" e o "conservadorismo social". Outra são as quebras no próprio movimento evangélico, em particular sobre a questão da sexualidade humana, o que leva alguns a questionarem se vale mesmo a pena discutir a questão por mais tempo e se a Aliança poderia atuar como uma força unificadora para todos aqueles que querem reivindicar a título.
Para Calver, a sua experiência no ministério de jovens é um plus, mas ele aponta que muito do seu trabalho é com os adultos também.
"Eu acho que trago uma abordagem mais jovem e compreensiva, mas cultura é cultura", diz ele. "Quando minha mãe fez uma conta no Facebook, eu pensei: 'será que eu deveria cancelar a minha?'. Mas a cultura atravessa gerações".
Ele traz para sua nova função o que ele acredita ser "uma compreensão da cultura, que no ministério de jovens geralmente é mais acentuada que no ministério adulto" e fala da necessidade de encontrar "formas de reinvenção do estilo e não da do conteúdo".
Uma das coisas que o preocupa é que, enquanto a Igreja tem "um alcance maior do que a qualquer momento eu estive no ministério", por meio de seu trabalho com projetos missionários e de ação social, nem sempre palavras (Mensagem) e ações andam de mãos dadas.
"Cada igreja tem que se perguntar, estamos fazendo o suficiente na medida de palavras e ações? Algumas igrejas neste país têm apenas palavras, mas nenhuma ação. Porém muitos mais são grandes em obras, mas tem que integrar a Palavra também", alertou.
"O alcance da Igreja é muito grande, mas se estamos fazendo as coisas que nos fazem popular, temos que declarar que estamos dentro disso".
Rótulos
Falando sobre o uso do termo "Evangélico(a)" para caracterizar as denominações protestantes, Calver destacou que a palavra "pode ser útil ou não".
"Se é apenas um rótulo, não é útil", diz ele. "Se isso significa algo mais do que um rótulo, é muito útil. O termo 'evangélico' é potencialmente a mesa ao redor da qual muitos de nós podem se reunir, e eu certamente não gostaria de estar jogando fora uma palavra porque é mal utilizada. Se for mal utilizada, vamos resgatá-la!", destacou.
Ele aceita, no entanto, que os dias de campanhas evangelísticas em massa do movimento que caracterizaram o trabalho de evangelistas como Billy Graham não estão provavelmente voltando. Evangelismo hoje, diz ele, é "mais relacional - e isso pode ser mais difícil, mas é mais provável".
"É preciso haver uma sensação de viajar com os outros. Eu não olho para trás e digo: 'Eu desejo ver estádios cheios de pessoas que vêm para a fé'. Isso era para aqueles dias e se isso acontecer novamente, ótimo! Mas você pode levar as pessoas a levantarem suas mãos por qualquer coisa. Queremos ver uma nação de discípulos", disse.
Em face dos desafios da Igreja, diz ele, "O futuro tem de ser reinventado. Eu não acredito que os melhores dias da Igreja estão por trás dela".
De acordo com Calver, o trabalho de um líder de jovens em uma igreja dura em média 18 meses, enquanto o do pastor local dura em média 10 anos.
"Curiosamente, a razão para isso é que a cultura jovem muda a cada 18 meses, mas na cultura adulta você pode ir longe com ela, mudando a cada 5 ou 10 anos. O mais difícil, mais cansativo é reimaginar o estilo, por isso se encaixa com a cultura do mundo em que está envolvido. Precisamos segurar o conteúdo da mensagem que pertence a Deus, e reimaginar o estilo um pouco mais".
Gavin Calver é um dos dois novos - e jovens - líderes da Aliança Evangélica do Reino Unido, nomeados para um cargo de diretoria da organização.
Com informações do Christian Today
*Tradução por João Neto - www.guiame.com.br