Uma aluna do 6ª ano no Reino Unido diz que foi expulsa de sua escola por defender o sexo biológico e discordar da “ideologia trans”, depois de uma palestra sobre o tema.
A adolescente foi tratada “como uma herege” por questionar os argumentos da palestrante, que é parlamentar na Câmara dos Lordes e falou na escola sobre “transfobia no Parlamento”.
De acordo com o site Daily Mail, a estudante (que teve a identidade preservada) foi cercada por até 60 garotas que gritaram, xingaram e cuspiram nela, a levando ser incapaz de respirar bem e desmaiar.
A aluna, de 18 anos, disse ao The Times que questionou a palestrante após ela defender que a teoria trans estaria acima da definição do sexo feminino pela biologia.
“Quando questionei isso, ela disse que não era uma questão de semântica. Ela disse que as pessoas trans não têm direitos humanos básicos neste país. Depois falei com ela e pedi desculpas se fui rude”, contou a aluna.
Aluna é rotulada como “herege”
Inicialmente, a adolescente foi apoiada pelos professores, mas foi abandonada ao ser acusada de transfobia por outros alunos, segundo o relatório.
A partir de então, o tratamento da estudante na escola mudou. Ela foi repetidamente intimidada e foi informada de que seria mandada para trabalhar na biblioteca, se dissesse algo provocativo nas aulas. Ela acabou saindo da escola em setembro.
Um professor da escola disse ao site Transgender Trend que a aluna “discordou respeitosamente” da palestrante, mas ela argumentou: “Simplesmente não é permitido discordar, ainda que respeitosamente.”
Ele então continuou: “Questionar seus princípios básicos é simplesmente heresia e os hereges de uma forma ou de outra precisam ser expostos, atacados e eliminados. Mesmo que sejam figuras notáveis e aparentemente intocáveis como JK Rowling.”
O professor passou a alertar sobre o risco do “fundamentalismo religioso”, alertando que isso representa um 'perigo' para as escolas.
JK Rowling e a própria palestrante defendem a aluna
A escritora britânica JK Rowling, conhecida por escrever a série de livros “Harry Potter” e por sua visão conservadora a respeito dos gêneros, saiu em defesa da estudante no Twitter.
“Totalmente vergonhoso. Adicione isso à pilha oscilante de evidências de que pessoas na educação e na academia, que deveriam ter o dever de cuidar dos jovens, sucumbiram a um surto de fanatismo quase religioso. O crime da garota? Dizer que o 'sexo existe'”, postou em 17 de maio.
Utterly shameful. Add this to the tottering pile of evidence that people in education and academia who're supposed to have a duty of care towards the young have succumbed to an outbreak of quasi-religious fanaticism. The girl's crime? Saying 'sex exists.'https://t.co/r33RlN4Xtx
— J.K. Rowling (@jk_rowling) May 17, 2022
A parlamentar que palestrou na escola, que também preferiu não se identificar, defendeu o direito da estudante de discordar dela.
“Falei sobre uma ampla gama de questões de direitos humanos”, disse ao The Mail. “Uma jovem discordou de alguns dos meus pontos de vista e foi tratada com a mesma cortesia que todos os outros participantes.”
Ela acrescentou: “Eu não estava ciente de quaisquer consequências de nossas interações e pensei que tínhamos terminado em termos amigáveis.”
O secretário de Educação do Reino Unido, Nadhim Zahawi, descreveu a briga como “extremamente preocupante”. “As escolas têm a responsabilidade de proteger essa aluna”, disse. “Isso não deveria estar acontecendo.”