Segundo o ponto de vista do governo do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a perseguição promovida pelo grupo terrorista Estado Islâmico (EI) sobre as minorias cristãs no Iraque e na Síria não pode ser classificada como “genocídio”.
De acordo com o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, o ponto para denominar as ações terroristas com esta palavra ainda "não foi atingido".
"Meu entendimento é que o uso da palavra envolve uma determinação legal muito específica, que neste momento não foi atingida”, disse Earnest durante uma coletiva de imprensa.
"Nós temos expressado nossas preocupações com a tendência de — bem, não uma tendência — a tática empregada pelo EI ao abater as minorias religiosas no Iraque e na Síria", acrescentou. "Mas temos sido muito francos e diretos exatamente sobre como as táticas do EI são dignas de o tipo de resposta internacional. E essas táticas incluem uma vontade de atingir as minorias religiosas, incluindo os cristãos".
Em dezembro de 1948, em Paris, a Organização das Nações Unidas (ONU) tornou o genocídio passível de punição, ao aprovar a Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio. O ato foi classificado como “assassinato deliberado de pessoas motivado por diferenças étnicas, nacionais, raciais ou religiosas”.
Em março de 2015, um relatório sobre a violência no Iraque e na Síria da Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos afirmou que "os atos de violência perpetrados contra civis devido à sua filiação a um grupo étnico ou religioso [...] podem ser constituídos como genocídio".
De acordo com o Parlamento Europeu, "os cristãos são o grupo religioso mais perseguido, considerando que o número de cristãos mortos a cada ano é mais de 150 mil".
Em dezembro do ano passado, mais de 60 parlamentares britânicos assinaram uma carta instando o primeiro-ministro dos EUA, David Cameron, a trabalhar para garantir que a palavra "genocídio" fosse usada pela ONU para descrever a matança sistemática de grupos minoritários.
A contínua perseguição das minorias cristãs na Síria e no Iraque resultou em uma drástica queda do grupo nesses países. No Iraque, os cristãos eram cerca de 1,4 milhões em 2003 - hoje, o remanescente não passa de 300 mil pessoas. Na Síria, existem apenas 500 mil cristãos em comparação aos 1,25 milhões que haviam em 2011.