‘Charlie Hebdo’ faz piada com queda de avião no Egito e causa indignação

O reverendo Franklin Graham foi um dos que criticou a publicação satírica — "Nada é sagrado para Charlie Hebdo".

Fonte: Guiame, com informações de Christian Today e Gazeta do PovoAtualizado: quarta-feira, 11 de novembro de 2015 às 16:50
(Foto: Gazeta do Povo)
(Foto: Gazeta do Povo)
Novas charges da revista satírica “Charlie Hebdo” foram motivo de polêmica na Europa. Desta vez, as piadas foram sobre a queda do Airbus A321 da Metrojet no Egito, que causaram irritação nas autoridades russas.

Um dos desenhos mostra partes de um avião e um passageiro caindo do céu sobre um homem barbado que, aparentemente, veste uma túnica islâmica e carrega uma metralhadora. No topo desta charge, se lê: “Daesh: a aviação russa intensifica seus bombardeios”. Daesh é o acrônimo em árabe que se refere à milícia radical Estado Islâmico (EI), que controla partes da Síria e do Iraque.

Em outra charge, as sátiras foram direcionadas a russos e franceses: um avião é mostrado em chamas com a legenda “os perigos dos voos russos de baixo-custo”. À frente, uma caveira diz: “Deveria ter voado com a Air Cocaína” — uma referência a um recente escândalo em que uma aeronave cheia de cocaína foi apreendida na França.

O porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, disse a repórteres nesta sexta-feira (6) que considera as caricaturas “blasfêmia”. Parlamentares também expressaram sua irritação em relação aos desenhos, pedindo para o governo classificar a revista como literatura extremista e para as autoridades francesas se retratarem.

O reverendo Franklin Graham também criticou a publicação satírica. "Nada é sagrado para Charlie Hebdo", disse Graham nesta segunda-feira (9) nas redes sociais.

"O editor da revista disse que eles são um jornal ateu secular e que o termo 'blasfêmia' não tem significado para eles. Mas eu tenho notícias para eles — isso tem significado para o resto do mundo, e tem significado para todos aqueles que tiveram suas vidas marcadas para sempre por aquele acidente trágico. Charlie Hebdo estava errado em zombar o Islã, e estão errados agora", ponderou Graham.

Atentado terrorista

No dia 31 de outubro, um avião russo que estava transportando 224 passageiros e tripulantes caiu na península do Sinai.

O 'Airbus A-321', operado pela companhia aérea russa Kogalymavia, estava voando do resort costeiro Sinai de Sharm el-Sheikh para São Petersburgo, na Rússia, quando caiu em uma desolada região montanhosa central do Sinai, logo após o amanhecer.

Em seguida, o Estado Islâmico publicou um vídeo para reivindicar a sua autoria na derrubada da aeronave, e o ramo egípcio liderado por Ahraf Ali al-Gharabali também afirmou que seria o responsável pela queda do avião.

Na ocasião, analistas que foram ao local do acidente indicaram que a queda poderia ter sido causada por uma falha técnica, apesar da reivindicação.

No entanto, um integrante da equipe de investigação disse à Reuters, neste domingo (8), que eles têm "90% de certeza" de que um barulho, ouvido no último segundo da gravação da conversa do cockpit da aeronave, foi decorrente de uma explosão causada por uma bomba. 

"As indicações e análise até agora do som gravado pela caixa preta sinalizam que foi uma bomba", disse o membro da equipe de investigação, que pediu para não ser identificado.

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