Cristã de 12 anos que foi sequestrada e forçada a se casar com muçulmano é resgatada

Saba Shafique foi mantida em cativeiro pelo vizinho muçulmano, onde sofreu agressão física e abuso sexual.

Fonte: Guiame, com informações de Morning Star NewsAtualizado: terça-feira, 11 de março de 2025 às 13:22
Saba Shafique e a mãe. (Foto: Reprodução/Morning Star News)
Saba Shafique e a mãe. (Foto: Reprodução/Morning Star News)

Na última semana, uma cristã de 12 anos se reencontrou com os pais após ser sequestrada por um vizinho muçulmano que a converteu à força ao islamismo e a obrigou a se casar com ele, no Paquistão.

Saba Shafique foi sequestrada por Muhammad Ali, de 35 anos, na província de Punjab em 5 de janeiro. 

No dia 8 de janeiro, Ali levou para a cidade de Sialkot, onde ele preparou uma conversão religiosa falsa e uma certidão de casamento. Depois disso, ele levou a menina para outra cidade e a manteve em cativeiro.

Então, em 5 de março, a polícia invadiu o local, prendeu Ali e resgatou Saba: “Não consigo expressar minha alegria quando abracei Saba depois de tantos dias. Seu pai e eu não conseguimos dormir direito todo esse tempo, mas agora finalmente descansaremos”, disse a mãe, Rakhil Shafique ao Morning Star News. 

Sobre o sequestro, Saba contou: “No dia em que ele me tirou de casa, ele me pediu para acompanhá-lo ao bazar onde compraria presentes para mim. Depois de algum tempo, pedi para ele me levar de volta para casa, pois meus pais ficariam preocupados comigo, mas ele ignorou e me forçou a entrar em um ônibus”.

“Ali então me forçou a gravar um vídeo dizendo que eu tinha me convertido ao islamismo e me casado com ele por livre e espontânea vontade. Também fui forçada a declarar que tenho 18 anos e que meus pais não deveriam tomar nenhuma atitude contra nós”, acrescentou.

Abuso sexual

Após sequestrar a adolescente, Ali a levou para a região de Sindh, temendo que a polícia realizasse alguma intervenção depois que o pai da vítima denunciou o caso.

Ali entrou com uma petição no Tribunal de Sessões de Hyderabad em nome de Saba buscando proteção legal para o “casamento”. Segundo o Morning Star News, essa é uma estratégia comum que os sequestradores usam para impedir que as famílias recuperem as filhas.

“Durante o tempo em que estive lá, Ali fez coisas ruins comigo que afligiram minha mente e meu corpo. Ele também me batia sempre que eu chorava com saudade dos meus pais e dizia que queria voltar para casa. Eu ficava trancada em um quarto a maior parte do tempo”, relatou Saba.

A mãe afirmou que nunca suspeitou que o vizinho tinha má intenção em relação a Saba: “Seu comportamento com nossos filhos era tal que nunca suspeitamos do que passava em sua cabeça”.

Saba recebeu apoio da organização jurídica cristã HARDS Paquistão, que obteve permissão para a ação policial interprovincial e ajudou na recuperação pós-trauma da menina.

“Somos gratos à alta liderança do Partido Popular do Paquistão, que está no governo na província de Sindh, por facilitar a recuperação da menor cristã”, disse Sohail Habil, diretor-executivo da organização.

Além disso, Habil informou que a polícia havia registrado um caso de sequestro contra Ali, mas que agora a equipe jurídica buscaria acusações adicionais relacionadas a estupro, casamento infantil e outros crimes.

O ativista dos direitos cristãos Napolean Qayyum, que viajou com a equipe policial para resgatar Saba, disse que Ali inicialmente negou ter abusado sexualmente da menina.

“No entanto, ele admitiu seu crime durante o interrogatório policial. Agora, ele está agora sob custódia da polícia de Lahore e enfrentará as consequências”, disse ele.

Conscientização

Após o caso, o ativista encorajou os líderes cristãos locais a usarem sua influência para conscientizar a população sobre o sequestro de crianças, a conversão e casamentos forçados.

Para Qayyum, é importante ensinar às crianças como os sequestradores atraem as vítimas para fora de suas casas.

“Em muitos casos, as jovens são presas sob falsos pretextos de amor e recebem presentes, e então são chantageadas emocionalmente para irem com eles. É sequestro!”, explicou ele.

“Meninas sequestradas no Paquistão, algumas com apenas 10 anos, são sequestradas, forçadas a se converter ao islamismo e estupradas sob o disfarce de ‘casamentos’ islâmicos e, então, são pressionadas a registrar declarações falsas em favor dos sequestradores”, acrescentou.

Ele destacou que os juízes costumam ignorar evidências relacionadas às idades das crianças, e as entregam de volta aos sequestradores como suas “esposas legais”.

O Center for Social Justice informou que os casos registrados de sequestro e conversão forçada somaram 136 em 2023, o maior total anual de todos os tempos. 

Entre eles, 110 meninas hindus foram sequestradas na província de Sindh e 26 meninas cristãs na província de Punjab. 

A maioria dos incidentes ocorreu em Sindh, onde 77% das mulheres sequestradas eram menores de 18 anos. Fontes que não foram identificadas relataram que cerca de 1.000 meninas de minorias religiosas são afetadas anualmente por conversões religiosas forçadas associadas a casamentos forçados.

O Paquistão ficou em 8º lugar na Lista Mundial de Observação de 2025 da Portas Abertas, dos lugares mais difíceis para ser cristão, assim como no ano anterior.

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