Deputada do PSOL aciona MP por pregação de Baby do Brasil sobre perdão a abusadores

Baby do Brasil está sendo investigada por declarar o perdão descrito nas Escrituras durante um culto em SP.

Fonte: Guiame, com informações de O Globo Atualizado: sexta-feira, 14 de março de 2025 às 14:41
Baby do Brasil. (Foto: Reprodução/Instagram/Baby do Brasil)
Baby do Brasil. (Foto: Reprodução/Instagram/Baby do Brasil)

Após Baby do Brasil viralizar nas redes por causa de uma pregação sobre perdão em um culto realizado em uma boate em São Paulo, a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) acionou o Ministério Público para investigar as falas da cantora.

O evento aconteceu na última segunda-feira (10), na boate D-Edge, localizada na Barra Funda, uma das casas de música eletrônica mais tradicionais da capital paulista.

Na ocasião, enquanto fazia uma oração, Baby declarou: "Perdoa tudo o que tiver no seu coração nesse lugar, perdoa. Se teve abuso sexual, perdoa. Se foi na família, perdoa. Se é briga de família, mãe, filho, pai, perdoa".

A declaração foi alvo de críticas nas redes sociais, onde internautas acusaram a cantora de incentivar o silêncio das vítimas e a impunidade dos abusadores.

Para a deputada federal, o discurso feito por Baby é "inaceitável, criminoso e ultrapassa os limites da liberdade religiosa e de expressão". Segundo ela, a fala vai além de orientação espiritual individual e incita conduta que pode resultar na impunidade de crimes graves.

“A fala de Baby do Brasil tem forte impacto pois, além de artista famosa, ela é uma líder religiosa, que leva as mulheres a acreditarem que não devem denunciar seus agressores, que devem aceitá-los. Baby flagrantemente cometeu incitação ao crime e condescendência criminosa, pois reforçou uma cultura de silenciamento e impunidade, incentivando que crimes de violência sexual fiquem sem a devida responsabilização e favorecendo aqueles que o cometeram", disse Sâmia ao GLOBO.

O evento intitulado "Frequência de Deus" foi criado pelo DJ e proprietário da boate, Renato Ratier, e contou com a participação da cantora Baby do Brasil, além dos pastores Pedro e Samuel Santana, que são pai e filho.

Além de investigar Baby, Sâmia também pediu ao MPSP que investigue a D-Edge "por omissão":

“É importante que o MP atue sobre o caso, pois a imunidade religiosa tem sido cotidianamente utilizada como escudo para o cometimento de crimes e estímulo à perpetuação da violência”. 

Conforme o GLOBO, o MP-SP informou que a representação está sendo analisada pela promotoria de Justiça de Direitos Humanos da Capital.

‘O perdão que está nas Escrituras’

Depois da repercussão do caso, a cantora e pastora publicou um vídeo nas redes sociais, alegando que foi mal interpretada durante o evento: "Jamais defenderia abusadores", disse ela.

“Eu estou falando do perdão que liberta, do perdão que está nas Escrituras Sagradas, o perdão bíblico. Eu não estou falando do perdão que abre mão da justiça, que não inocenta ninguém do seu erro, nem da impunidade, nem isenta de justiça qualquer tipo de crime. É claro que eu jamais defenderia abusadores de qualquer espécie, pois eu sou contra qualquer tipo de abuso", declarou ela.

E continuou: "Agora, todos podem comprovar pela minha própria boca, sobre o que eu disse em um culto, a respeito do perdão espiritual e profundo, que nos liberta dos gatilhos emocionais e traumas, que carregamos por consequência dos mesmos. Culto esse aberto para todas as pessoas que foram buscar o amor de Deus".

No vídeo Baby, cita a passagem de Mateus 5, onde Jesus exorta o povo a amar também os seus inimigos.

“Entrego nas mãos de Deus todas as acusações e todos os cortes de vídeos, falas e etc, descontextualizados, que possam confundir ou causar interpretações equivocadas ou distorcidas”, destacou Baby.

E concluiu dizendo: “E a todos, que não haviam entendido a minha fala, e me atacaram, sinceramente, estão perdoados em nome de Jesus”.

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