Beni Baningime ajudou o Hearts, o time onde está atualmente, a um início de campanha invicto na Premier League escocesa
Em entrevista à BBC, Baningime falou sobre sua infância, a mudança de país, seu estilo de futebol e sobre sua fé em Jesus.
Nascido na República Democrática do Congo, Beni Baningime é um jogador de futebol que atua na Escócia. Seu pai, um médico, mudou-se para a Inglaterra e levou o resto da família quando Baningime tinha oito anos. Sua mãe é enfermeira.
Eles se estabeleceram em Wigan, onde o time Everton o viu jogando. Baningime tinha nove anos e ainda estava cru, mas seu talento já estava revelado. Assim, o menino passou a integrar o time juvenil.
Com 19 anos estava entrando em campo contra o Chelsea e Leicester, Lyon e Atalanta, West Ham e West Brom, Manchester City e Liverpool, até ser emprestado para o Wigan, onde disputou uma partida devido a uma lesão.
Ele voltou ao Everton para a temporada 2019-20. Na temporada seguinte, foi transferido para o Derby e jogou duas vezes. “Foram três anos difíceis, mas não me incomodaram. As pessoas pensam que estou mentindo quando digo isso, mas não estou. Tive alegria nesses três anos. Só quem me conhece vai entender”, revelou.
Agora com 23 anos, ele trocou de clube recentemente, em julho: saiu do Everton para o clube escocês Heart of Midlothian.
Fé desde cedo
Durante a entrevista, Baningime ressaltou a importância da fé e de seu relacionamento com Deus em todas as circunstâncias.
“Eu experimentei Deus e não sei se você acredita em Deus ou não, mas para mim, Deus é maior do que o futebol. Ele é maior do que a vida. Ele é tudo para mim”, diz.
Ele conta que estava quebrado como pessoa até alguns anos atrás, não se identificava com as coisas que outros faziam: “Estou falando sobre garotas e todas essas coisas diferentes que as pessoas dizem para você fazer. Eu não era assim”.
“Eu estava procurando por algo mais. Encontrei a verdadeira felicidade em Deus. Você vai a uma boate e olha ao redor e eu ficava tipo, 'O que estou fazendo aqui?' Não estou julgando ninguém que gosta dessa vida, mas não era a vida que eu queria”, explica.
"Por isso estou sempre lendo minha Bíblia. Sinto que Deus está sempre comigo e me guiando no caminho certo. Venho para o treinamento e oro, antes de jogar eu oro. Você deve ter me visto", disse ao repórter.
‘Deus é o único’
Baningime também falou sobre ter ficado de fora do time do Everton em 2019-20 e não ter muito tempo de jogo no Derby, mas disse que nunca dependeu do futebol para sua estabilidade:
"A Bíblia diz: 'Você vai mantê-lo em perfeita paz, cuja mente está em Ti'. O tempo todo eu tive paz. É por isso que você não pode colocar sua alegria no futebol porque lesões e rejeição podem acontecer e eu tive que aprender. Tive que aprender que Deus é o único que vai ficar do seu lado quando todo o futebol esquecer quem você é”, disse.
"Meu agente dizia: 'Não há ninguém para você'. Eu pensei: 'Sou um jogador decente, não sou tão ruim'. Na última janela, quem estava atrás de mim? Copas e talvez mais um. Todo mundo estava tipo, 'Nós não o queremos'. Essa é a realidade. Agora meu agente está dizendo que as pessoas estão começando a ver você de novo e eu fico tipo, 'Por que eles não me deram uma chance antes?' É por isso que estou tão grato ao Hearts e pelo que o clube fez por mim."
"Quando estou em campo, estou em uma guerra, mas quando acaba, o futebol não é tudo para mim. Se fosse tudo na minha vida, não funcionaria", declarou.
Quando questionado sobre se ele lidaria com o racismo se o experimentasse durante um jogo, ele respondeu:
"A maneira como eu lidaria com isso é a maneira como Jesus teria lidado com isso - ame a pessoa e espero que ela possa mudar. 'Eu não sou seu inimigo, eu não sei quem poluiu sua mente, mas eu não sou seu inimigo’. Alguns negros eu conheço, porque eles viram tanta opressão, eles dizem: ‘Eu não gosto de brancos’. Eles são duros e querem que eu tenha a mesma mentalidade. Eu digo: Não, eu tento amar a todos".