Francisco se torna o primeiro papa a apoiar a união civil entre homossexuais

Pela primeira vez, o Papa Francisco tornou público seu apoio à união civil entre homossexuais como pontífice, em entrevista a um documentário biográfico.

Fonte: Guiame, com informações da Associated Press e Religion News ServiceAtualizado: quarta-feira, 21 de outubro de 2020 às 17:52
Papa Francisco no Vaticano, em 9 de outubro de 2017. (Foto: Andreas Solaro/AFP/Getty Images)
Papa Francisco no Vaticano, em 9 de outubro de 2017. (Foto: Andreas Solaro/AFP/Getty Images)

O Papa Francisco apoiou a união civil entre homossexuais pela primeira vez como pontífice durante uma entrevista ao documentário “Francesco”, que estreou na quarta-feira (21) no Festival de Cinema de Roma.

“Os homossexuais têm direito de estar em uma família. Eles são filhos de Deus e têm direito a uma família. Ninguém deve ser expulso ou infeliz por causa disso”, disse Francisco em depoimento para o filme. 

“O que precisamos criar é uma lei de união civil. Dessa forma eles são legalmente contemplados”, o papa acrescentou. “Eu defendi isso”.

O documentário, dirigido por Evgeny Afineevsky, mostra as questões que são consideradas importantes para Francisco, como o meio ambiente, pobreza, migração, desigualdade racial e de renda e pessoas mais afetadas pela discriminação.

Enquanto servia como arcebispo de Buenos Aires, Francisco apoiou a união civil entre homossexuais como uma alternativa ao casamento gay. No entanto, ele nunca se manifestou publicamente a favor das uniões civis como papa.

A Igreja Católica afirma que os gays devem ser tratados com dignidade e respeito, mas se apõe aos atos homossexuais. Um documento de 2003 do Vaticano declara que o respeito pelos gays “não pode levar à aprovação do comportamento homossexual ou ao reconhecimento das uniões homossexuais civis”. O documento foi assinado pelo cardeal Joseph Ratzinger, que se tornaria o Papa Bento XVI, antecessor de Francisco.

O clero progressista aprovou os recentes comentários do papa. O padre jesuíta James Martin, conhecido por tentar construir pontes com os gays, disse no Twitter que as palavras de Francisco são “um grande passo à frente no apoio da Igreja às pessoas LGBTQ”.


Papa Francisco encontra membros do clero após audiência semanal no pátio de San Dámaso, no Vaticano. (Foto: Yara Nardi/Reuters)

O Papa Francisco tem sido visto como um pontífice mais aberto aos homossexuais desde sua famosa resposta de 2013, “quem sou eu para julgar?”, quando questionado sobre padres homossexuais na Igreja Católica. O papa se reuniu com casais homossexuais várias vezes durante seu pontificado e enviou apoio a uma comunidade transexual durante a pandemia de Covid-19.

Um dos personagens principais do documentário é o chileno Juan Carlos Cruz, um sobrevivente de abuso sexual que se assumiu gay.

“Fui repreendido por minha homossexualidade”, disse Cruz a repórteres no evento. “Mas o papa me disse algo diferente: Deus fez os gays e Deus ama você, a igreja ama você, o papa ama você. Muitos gays me ligaram em lágrimas quando essa frase foi compartilhada. Foi isso que Bergoglio mostrou ao mundo”.

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