Uma adolescente suicida recentemente abandonou sua missão de atacar um campo de refugiados no nordeste da Nigéria, em nome da organização terrorista Boko Haram.
A jovem, cujo nome não foi divulgado, havia sido enviada para o campo de refugiados de Dikwa com duas outras pessoas para realizar um atentado terrorista suicida na última terça-feira (16), pela manhã.
Enquanto as outras duas mulheres-bomba detonaram seus coletes, matando 58 pessoas, a terceira 'recruta' abandonou os explosivos e fugiu do acampamento. Ela foi encontrada mais tarde pelas autoridades, que disseram que ela admitiu ter participado do planejamento do ataque, mas antes de cumprir com a sua parte, fugiu por medo de matar vidas inocentes.
"Ela disse que estava com medo porque sabia que iria matar muitas pessoas. Mas ela também estava com medo de ir contra as instruções dos homens que a levaram para o acampamento", disse Modu Awami - um soldado local do nordeste da Nigéria - à Associated Press.
Algoni Lawan, um porta-voz do governo local, acrescentou à AP que a menina também estava preocupada pela possibilidade de matar seu próprio pai, que estava naquele acampamento, alvo do ataque.
"Ela confessou aos nossos agentes de segurança que estava preocupada: se ela fosse em frente e realizasse o ataque, poderia matar seu próprio pai, que ela sabia que estava no campo", disse ele.
Satomi Alhaji Ahmed, chefe da Agência de Gerenciamento de Emergência Estado de Borno, confirmou à CNN que as outras duas mulheres-bomba participaram do ataque e tinham 17 e 20 anos de idade.
"Havia três mulheres-bomba que entraram no acampamento por volta 06h30, disfarçadas de refugiadas", disse Ahmed, acrescentando que "duas delas detonaram seus explosivos no acampamento, enquanto a terceira se recusou, depois de perceber que seus pais e irmãos estavam no local".
Autoridades confirmaram que a adolescente conseguiu revelar mais atentados suicidas planejados para a área.
Além as 58 pessoas mortas no ataque terrorista da manhã da última terça-feira, mais 78 pessoas ficaram feridas. O tem abrigado cerca de 50.000 pessoas expulsas de suas casas pelo Boko Haram.
A Associated Press relatou em um artigo separado que o grupo terrorista começou a usar jovens homens-bomba para atacar campos de refugiados e outros locais públicos na sequência de uma repressão por parte das forças militares da Nigéria.
Em dezembro de 2015, uma adolescente detonou seu colete cheio de explosivos no Beninsheikh, no Estado de Borno da Nigéria, matando oito pessoas.
A menina, recrutada pelo Boko Haram, realizou o ataque depois que as autoridades locais pediram para revistá-la em um posto de controle.
Após o ataque de dezembro, o governo nigeriano divulgou um comunicado aos civis, avisando estar ciente de homens-bomba disfarçados, usando 'recrutas inusitados', que incluem crianças e mulheres jovens.
"Homens-bomba têm utilizado incentivos monetários e outros incentivos, especialmente em lugares lotados para atrair cidadãos inocentes, a fim de causar danos colossais para ambas as vidas e bens. As pessoas devem estar vigilantes e cautelosos com a maldade dos terrorista em lugares como parques, centros de culto e pontos de lazer, particularmente neste período de festas", dizia a declaração.
Como relatado pelo 'Christian Post', anteriormente, uma menina de dez anos de idade e uma mulher idosa realizaram um atentado suicida em um círculo de oração em Damaturu em julho do ano passado (2015), matando 12 pessoas.
O ataque levou o grupo de vigilância 'Christian Solidarity Worldwide' a descrever o Boko Haram como um grupo de "culto à morte".
"Apesar de suas declarações pseudo-religiosas, a cada atrocidade, o Boko Haram mostra que não é mais que um culto à morte, que doutrina membros a matar sem consciência, independentemente do credo defendido por suas vítimas", disse a CSW em um comunicado de julho de 2015.