O governo de Israel divulgou nesta quarta-feira, 27, uma carta de Adolf Eichmann, um criminoso de guerra nazista. A carta foi datada com dois dias antes de sua execução, pedindo clemência e alegando que era apenas um mero "instrumento" durante o Holocausto.
Escrita à mão, na carta o nazista afirma que o tribunal israelense superestimou seu papel na organização da logística da chamada "solução final", que resultou na morte de seis milhões de judeus. Eichmann foi levado para Israel em 1960, onde foi julgado e condenado à morte.
Reuven Rivlin, o Presidente de Israel apresentou a carta que até então era desconhecida e dirigida ao então presidente Yitzhak Ben-Zvi. A ação aconteceu durante uma cerimônia que marcou o “Dia Internacional da Lembrança do Holocausto”.
"Deve-se estabelecer uma divisão entre os líderes responsáveis e pessoas como eu, forçadas a servir como meros instrumentos nas mãos dos líderes", afirma Eichmann no documento. "Eu não tinha a responsabilidade de um líder, e de tal forma, não me sinto culpado".
"Não sou capaz de reconhecer a decisão da corte como justa e peço à vossa excelência que exercite seu direito de conceder o perdão e ordene que a minha sentença de morte não seja levada adiante", escreveu o alemão.
No fim da carta, o autor escreve: "Adolf Eichmann, Jerusalém, 29 de maio de 1962". Ele acabou sendo enforcado em torno da meia-noite do dia 31 de maio do mesmo ano.
Segundo relatos históricos, Eichmann escapou de um campo de prisioneiros de guerra após a Segunda Guerra Mundial e fugiu para a Argentina em 1950, onde viveu sob um pseudônimo até ser capturado pelos agentes do serviço secreto israelense, o Mossad, em maio de 1960, e levado à Israel.
Grande momento para Israel
Um dos motivos de orgulho para o Estado judaico foi a habilidade dos serviços de segurança israelenses de trazer Eichmann para o país. Rivlin considera o julgamento como um dos momentos mais emblemáticos da história de Israel. "Nos primeiros anos após o Holocausto, as pessoas em Israel estavam ocupadas em reconstruir e fundar um Estado independente", contoun. "A renovada sociedade israelense não estava apta ou não tinha a mentalidade para rememorar".
Ao negar o argumento do carrasco nazista de que ele seria um mero burocrata, Rivlin disse que "as pessoas que sofreram devido às falhas de caráter de Eichmann não tiveram um momento de indulgência". Israel e seus aliados continuam a perseguir em todo o mundo os responsáveis pelo Holocausto, ainda que a maioria dos criminosos remanescentes esteja em idade muito avançada.
Confira o vídeo do julgamento de Adolf Eichmann (em alemão)