Nesta terça-feira (19), centenas de haitianos pediram a libertação dos missionários sequestrados no país em manifestação ao norte da capital Porto Príncipe. Os protestantes caminharam pacificamente pelas ruas de Titanyen, perto da base missionária do grupo, com cartazes que diziam "Liberte os americanos" e "Não ao sequestro!".
“Eles construíram nossas escolas. Eles pagam nossas contas. Eles fazem tudo por nós. Agora não podemos fazer nada porque eles os sequestraram”, disse Zachary Celus, um dos manifestantes.
Os 17 missionários e suas famílias foram sequestrados por uma gangue em Porto Príncipe, no Haiti, neste sábado (16). De acordo com a Christian Aid Ministries, organização que enviou os missionários, o sequestro aconteceu após o grupo deixar um orfanato situado a 30 km da capital haitiana.
A gangue “400 Mawozo” está pedindo um resgate de 1 milhão de dólares por pessoa, cerca de 95 milhões de reais no total, de acordo com o ministro da Justiça do Haiti, Liszt Quitel, à CNN. O ministro afirmou que os sequestradores ligaram para a Christian Aid Ministries já no sábado (16), exigindo o valor para a libertação do grupo.
A polícia haitiana e o FBI estão orientando a organização missionária no caso e as negociações estão em andamento. Os agentes do FBI estão no Haiti, mas não lideram as investigações.
Segundo a CNN Internacional, o grupo sequestrado é formado por cinco homens e sete mulheres, entre 18 a 48 anos, e cinco menores, entre 8 meses a 15 anos. Entre os cristãos, 16 são americanos e um é cadanense.
Greve em resposta a onda de sequestro
Em resposta à onda de sequestros que atinge o país, trabalhadores haitianos iniciaram uma greve nesta segunda-feira (18), fechando empresas, escolas e o transporte público. A paralisação vai afetar ainda mais a já frágil economia do Haiti. Sindicatos e outros grupos prometeram continuar a greve sem definição de término.
A violência no Haiti aumentou com a crise instaurada no país, após o assassinato do presidente Jovenel Moise, em julho, e um terremoto, em agosto, que deixou mais de 2 mil mortos.
Nesse contexto, se tornou comum gangues realizarem sequestros a fim de conseguir dinheiro. De acordo com o grupo de vigilância Fondasyon Je Klere, hoje mais de 150 gangues atuam no Haiti.
Desde janeiro, pelo menos 628 sequestros foram registrados. Entre as vítimas, 29 eram estrangeiros, de acordo com dados do Centro de Análise e Pesquisa em Direitos Humanos em Porto Príncipe.