Um estudante teve que reconstruir sua vida depois de ser preso injustamente no interior de São Paulo, por um estupro que não cometeu. Em sua cela, no entanto, ele fortaleceu sua fé durante os 11 meses que ficou na prisão.
Luís Otávio da Silva, de 31 anos, era estudante de psicologia em 2014, quando foi acusado e preso. Em 11 de setembro de 2014, ele estava em sua casa na cidade de Olímpia, quando policiais apareceram dizendo que ele era suspeito de um estupro.
“Fui confundido com uma outra pessoa e fui acusado”, explicou Luís ao Profissão Repórter exibido na terça-feira (24) passada. “Eu continuei minha vida normalmente, até que um dia eles me chamaram para um reconhecimento. Passei pelo reconhecimento e a mulher tinha dito que não era eu”.
Depois disso, os policiais voltaram a procurar a vítima e levaram imagens de Luís Otávio na faculdade. Ela notou uma semelhança nas roupas dele e do estuprador e acabou afirmando que tinha sido Luís, que logo foi preso.
Durante os meses na prisão, Luís fez algumas anotações em sua Bíblia. “A minha Bíblia ficou lá dentro comigo e anotei as coisas que aconteceram lá. No dia 4 de novembro eu anotei: ‘Deus é fiel e me guardou’. Foi numa briga que teve lá. Foi facada, paulada. Eu não sei de onde eles conseguiram tirar a faca. Mas tinha pessoas ensanguentadas no chão… Eu chorava dia e noite.”
A semelhança das roupas era o principal indício contra Luís, até que, ao longo do processo, um exame de DNA provou que ele era inocente.
“A prova cabal foi o exame de DNA, que foi feito do esperma que estava nas vestes da vítima. Daí, constatou-se que realmente que ele não concorria para o crime. Uma prova cabal como essa deveria ter sido feita no outro dia. E não deixar uma pessoa injustamente presa por 11 meses por falta de recurso do Estado de fazer esse tipo de exame”, diz Márcio Eugênio Diniz, advogado de Luís Otávio.
Luta na Justiça
A reportagem informa que Luís pediu indenização de R$ 1 milhão ao estado de São Paulo por danos morais pelos 11 meses preso em uma cela com quarenta acusados de crimes sexuais e homicídios. Ele perdeu na primeira instância, mas recorreu e conseguiu ganhar a causa.
Os desembargadores, no entanto, reduziram o valor da indenização para R$ 80 mil; o estado de São Paulo ainda pode recorrer.
Por causa da repercussão de seu crime não cometido, Luís desenvolveu problemas psicológicos e não consegue trabalhar. “Eu tenho a sensação de as pessoas sempre terem desconfiança de mim. Ficou algo que não teve punição para ninguém. Eu fico envergonhado até hoje”, conta.