Israel vai deixar de existir dentro dos próximos 25 anos. A afirmação aparentemente um tanto ousada foi feita pelo líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, durante um discurso feito na última semana em Teerã, segundo relatórios da mídia estatal.
"Eu diria a Israel que eles não vão ver o fim destes 25 anos", comunicou a Agência de Notícias da República Islâmica (IRNA), citando as palavras de Khamenei, proferidas em uma mesquita, na última quarta-feira (9).
Khamenei levantou a questão ao discutir o acordo nuclear entre o Irã e o grupo recentemente chamado "P5 + 1" - formado pelas potências mundiais Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, China e Rússia - pelo qual, entre outros fatores, o Irã concordou em reduzir seu estoque de urânio, centrífugas e limitar o enriquecimento de urânio em troca da suspensão das sanções econômicas que haviam sido impostas contra a República Islâmica.
O acordo permite que a Agência Internacional de Energia Atômica acesse as instalações iranianas para verificações. Ainda assim, a administração Obama tem enfrentado fortes críticas sobre o acordo de ambos os lados do corredor e especialmente de republicanos que prometeram sabotar o acordo - apesar do fato de o presidente supostamente ter apoio suficiente para vetar qualquer medida desse tipo.
O discurso de Khamenei promete tornar esta negociação ainda mais delicada.
Contra Israel
Algumas das medidas do acordo permanecerão em vigor por 25 anos. Aproveitando esse tempo, Khamenei observou que alguns observadores dizem que o acordo deve acalmar os temores de Israel sobre um Irã nuclear.
"Se Deus quiser, não haverá algo como um regime sionista [movimento político e filosófico que defende o direito à autodeterminação do povo judeu] em 25 anos. Até lá, a moral heróica e a jihadi não vão deixar nenhum momento de serenidade para os sionistas", disse ele, segundo a IRNA.
Khamenei disse durante seu discurso que as negociações nucleares serão a extensão das relações do Irã com os Estados Unidos. Ele acusou Washington de manter negociações com o Irã somente para poder influenciar o país e impor suas exigências, de acordo com relatos da mídia estatal.
"Nós concordamos em manter conversações com (os americanos) apenas em relação à questão nuclear e por razões específicas, e graças a Deus, os nossos negociadores fizeram um bom trabalho", disse ele.
O falecido aiatolá Ruhollah Khomeini - a quem Khamenei sucedeu em 1989 - sempre descreveu os Estados Unidos como "o Grande Satã", lembrou Khamenei. (Khomeini foi líder da oposição, forçado ao exílio em 1963, durante o reinado de Mohammad Reza Pahlevi, apoiado pelos EUA).
"Algumas pessoas insistem em dissimular este Grande Satã como o anjo salvador. A nação iraniana expulsou este Satan (do país). Não devemos permitir que, uma vez expulso através da porta, ele possa voltar e ganhar influência (de novo) através da janela ", disse ele.