Uma “lista negra antidireitos” com cerca de 70 pastores, igrejas e organizações cristãs foi divulgada num site na Argentina e descrita como “direita reacionária” e “antidemocrática”.
O site chamado “La Reacción Conservadora” (A Reação Conservadora, em português) foi publicado em 13 de junho e expôs fotos, perfis e dados pessoais de supostos cidadãos e grupos “antidireitos”. A página da internet também compartilhou um mapa interativo com as conexões pessoais e organizacionais dos nomes listados.
24 horas depois, o site não estava mais disponível e causou uma grande polêmica no país.
Entre os 400 nomes listados, 70 eram líderes cristãos e organizações evangélicas, como a Aliança Evangélica Argentina (ACIERA), o Seminário Teológico Batista Argentino, Jovens Com Uma Missão (JOCUM) e a plataforma Parlamento e Fé; organizações internacionais como a Associação Evangelística Billy Graham, o Congresso Ibero-Americano para a Família e a Vida e a ADF; líderes evangélicos como o recente falecido Luis Palau e outros membros de sua família; políticos como Cynthia Hotton e Nadia Márquez e denominações como as Assembleias de Deus.
No se puede vestir de periodismo el armado de una lista negra o una invitación al escrache. El periodismo debe cuidar la convivencia democrática.
— Mario Raúl Negri (@marioraulnegri) June 14, 2021
Armar un mapa interactivo del "conservadurismo reaccionario" y poner a la @UCRNacional es caprichoso y delirante. Repudiable. pic.twitter.com/AlwyS5F1wd
O portal de notícias cristão Evangélico Digital, integrante do grupo de mídia Areópago Protestante da Aliança Evangélica Espanhola, também foi incluído na “lista negra”.
As organizações não evangélicas listadas, incluíam os Médicos pela Vida e a Conferência Episcopal Católica Romana.
De acordo com os idealizadores da lista, os “poderes evangélicos e católicos” precisavam ser denunciados porque “estão mascarados em organizações laicas” com o objetivo de “obstruir os direitos sexuais e reprodutivos e combater a ideologia de gênero”.
Por trás da “La Reacción Conservadora”
A elaboração da “lista de conversadores antidireitos” foi feita por seis jornalistas investigativas, ligadas a grupos feministas radicais. Segundo as jornalistas, o site foi pago pago pela organização pró-aborto International Planned Parenthood Federation.
Na apresentação do site, as autoras descrevem como alarmante o crescimento dos movimento pró-vida na Argentina há 3 anos com o debate sobre a legalização do aborto no país. Essa abordagem explicaria porque a maioria dos incluídos na “lista negra” são defensores ativos de políticas pró-vida.
Primero te ponen en la Lista Negra después averiguan tu domicilio y horarios y un día te secuestran o te matan. Así funciona el Terrorismo. Me pusieron en una lista de personas y organizaciones acusadas de tener relación con una reacción conservadora.https://t.co/vab86wKPsB pic.twitter.com/n2RgPsEer0
— Carmen Polledo (@carmenpolledo) June 14, 2021
Respeito a pluralidade de pensamento
A Confederação Batista da Argentina se manifestou sobre a polêmica lista em nota, publicada no “Evangélico Digital”. O pastor Hugo Márquez, um dos listados, disse que muitos cristãos estavam “preocupados com o fato aberrante de que em uma democracia e um estado com o Estado de direito, 'listas negras' são publicadas para o único crime de pensar diferente”.
Para o líder batista, “esses comportamentos [vêm de] grupos autoritários que não aceitam a liberdade de opinião, mas procuram impor um pensamento único”. O pastor incentivou a “igreja viva, ativa e participativa” para continuar seu trabalho em benefício da família e da vida na Argentina.
A Aliança Evangélica na Argentina também repudiou a divulgação da “lista de antidireitos”, a chamando de “intimidação”. A organização condenou a formação de uma “polícia do pensamento” não oficial, contribuindo para uma “cultura do ódio”, que não deveria ter lugar em uma democracia onde há “pluralidade de pensamento”.