Nazista que teve participação no holocausto é condenado e pede perdão às vítimas

Gröning, que aos 93 anos é viúvo, aposentado e com dois filhos de 65 e 70 anos, pode pegar uma pena entre 3 e 15 anos de prisão.

Fonte: Guiame, com informações de G1Atualizado: quarta-feira, 22 de abril de 2015 às 22:36
Oskar Gröning, ex-contador do antigo SS. (Markus Schreiber/AP)
Oskar Gröning, ex-contador do antigo SS. (Markus Schreiber/AP)

 

Considerado o último nazista a ser julgado, Oskar Gröning, julgado na Alemanha por cumplicidade na morte de 300 mil judeus pediu perdão às vítimas do campo de concentração, durante a abertura do processo judicial nesta terça-feira (21), em Luneburgo.

"Para mim, não há dúvida alguma de que compartilho uma culpa moral. Peço perdão. Quanto à questão da responsabilidade penal, corresponde aos senhores decidir", declarou o antigo SS, de 93 anos, aos juízes durante a audiência.

A audiência foi realizada em uma sala de espetáculo devido à grande presença da imprensa e de 67 civis, sobreviventes e descendentes das vítimas, havendo tradução simultânea em inglês, hebraico e húngaro.

Gröning, que é viúvo, aposentado, com dois filhos de 65 e 70 anos, pode pegar uma pena entre 3 e 15 anos de prisão.

Relatos do passado

Nos relatos, Gröning se esforçou para esclarecer a diferença entre seu trabalho e o dos guardas que estavam diretamente envolvidos no extermínio dos prisioneiros, assegurando que sua tarefa consistia principalmente em "evitar os roubos nas bagagens dos deportados, um importante mercado negro" dentro do campo.

É acusado de ter "ajudado o regime nazista a tirar rendimento econômico dos assassinatos em massa", enviando o dinheiro dos deportados a Berlim, e de ter ajudado na "seleção" que separava os deportados considerados aptos para o trabalho daqueles que eram imediatamente executados.

Eva Kor, uma sobrevivente de Auschwitz de 81 anos, perdeu seus pais e duas irmãs no campo. Ainda que considere Gröning um "assassino" por sua participação em "um sistema de assassinatos em massa", aprecia seus esforços. "O fato de vê-lo na minha frente me dá conta que ele fez o melhor que pôde com seu corpo e seu espírito, pois tem muitas dificuldades físicas e, sobretudo, emocionais", disse.

O ex-contador nunca se escondeu. Antes de ser acusado pela justiça, havia contado à imprensa seu passado em Auschwitz, explicando querer "combater o negacionismo"

Seu processo judicial ilustra a severidade crescente da justiça alemã com os antigos nazistas, desde a condenação em 2011 de John Demjanjuk, ex-guarda do campo de concentração de Sobibor (Polônia), a cinco anos de prisão.

Cerca de 1,1 milhão de pessoas, incluindo cerca de 1 milhão de judeus da Europa, morreu entre 1940 e 1945 no campo de Auschwitz-Birkenau.

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