ONU questiona governo de Cuba sobre prisão de pastor

Funcionários de direitos humanos da ONU pediram ao governo cubano informações sobre o pastor Lorenzo Rosales Fajardo, que está detido desde julho.

Fonte: Guiame, com informações da Portas AbertasAtualizado: quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022 às 12:35
Representante de Cuba na 44ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra. (UN Photo/Violaine Martin)
Representante de Cuba na 44ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra. (UN Photo/Violaine Martin)

Cinco relatores especiais da Organização das Nações Unidas (ONU) levantaram preocupações sobre o caso de um pastor que foi preso em Cuba, enquanto participava de protestos pacíficos em julho de 2021.

A carta que questiona “a detenção, o subsequente desaparecimento forçado de curto prazo, maus-tratos e processos” foi direcionada a Cuba em 16 de dezembro, mas se tornou pública pela ONU após 60 dias sem resposta por parte do governo.

Milhares de cubanos, entre eles líderes cristãos, saíram às ruas em 11 de julho para pedir democracia e reformas econômicas. As repercussões foram imediatas e violentas. A polícia e a Segurança Nacional espancaram manifestantes e prenderam centenas de pessoas, entre elas muitos pastores.

O pastor Lorenzo Rosales Fajardo foi levado para uma prisão em Santiago de Cuba e mantido incomunicável por semanas. Ele compareceu ao tribunal pouco antes do Natal e enfrenta a possibilidade de uma sentença de 10 anos de prisão por “desrespeito”, “agressão”, “incitação ao crime” e “desordem pública”. 

Sua esposa, a única parente autorizada a comparecer à audiência, disse que foi um “show” em que a promotoria não apresentou nenhuma evidência dos crimes pelos quais seu marido foi acusado.

Enquanto isso, na noite de 1º de fevereiro, o presidente da Igreja Cristã Reformada de Cuba foi levado de sua casa por oficiais da Segurança Nacional. Após interrogatório, o reverendo Yordanys Díaz Arteaga foi colocado em prisão domiciliar sob a acusação de “receber bens ilegais”.

De acordo com a organização Portas Abertas, fontes locais disseram que as acusações eram “ridículas” e alegaram que o assédio está ligado ao fato de a denominação de Arteaga ter deixado o Conselho de Igrejas de Cuba, uma organização ecumênica formalmente reconhecida pelo Estado. 


Pastor Lorenzo Rosales Fajardo e sua esposa. (Foto: Christian Solidarity Worldwide)

Antes de sua prisão, o pastor recebeu várias ameaças de um funcionário do Partido Comunista e outras ligações anônimas.

Perseguição religiosa em Cuba

Após uma ausência de 10 anos, Cuba reapareceu na Lista Mundial da Perseguição 2022, documento editado anualmente pela Portas Abertas e que classifica os países que mais perseguem cristãos no mundo. 

Cuba está em 37º lugar, tendo subido 14 posições na lista, resultado de medidas altamente restritivas contra igrejas consideradas oponentes ao regime — principalmente as igrejas protestantes não registradas.   

De acordo com o relatório, em 2021 as condições do cristão em Cuba pioraram. “Especialmente após os protestos em julho, o regime ditatorial intensificou sua ação contra todos os líderes e ativistas cristãos que se opunham aos princípios comunistas”.

Parceiros da Portas Abertas fortalecem a Igreja Perseguida em Cuba por meio de distribuição de Bíblias, projetos de subsistência, treinamento bíblico, projetos de desenvolvimento de liderança e socioeconômico para aumentar a autossuficiência da igreja. 

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