Um grupo de pastores evangélicos dos Estados Unidos visitou a nação predominantemente muçulmana do Azerbaijão, com o objetivo de promover o diálogo inter-religioso e destacar a cooperação com Israel.
O rabino Marc Schneier, que liderou a delegação de pastores, disse à Associated Press, da capital Baku, que esta foi a primeira delegação evangélica a visitar o Azerbaijão.
A maioria dos 10 milhões de habitantes do Azerbaijão é xiita, mas o país também é lar de muçulmanos sunitas, cristãos e cerca de 30 mil judeus, segundo o rabino. O país faz fronteira com o Irã e a Rússia.
O grupo, que incluiu 12 pastores dos EUA, se encontrou com o presidente do país, Ilham Aliyev, o ministro das Relações Exteriores, xeques muçulmanos, líderes da igreja local e o embaixador de Israel.
Durante a visita, Aliyev anunciou à delegação que o primeiro centro cultural judaico do país seria construído em Baku, com opções de refeições Kosher e um hotel para acomodar hóspedes judeus.
A delegação também visitou uma escola judaica onde as crianças cantavam canções hebraicas para Israel. “Eu literalmente tive que me beliscar”, disse Schneier. “Estou em um país de maioria muçulmana sendo recebido em uma escola judaica, com crianças judias cantando músicas israelenses. É um fenômeno que nunca imaginei experimentar”.
Schneier dirige a Fundação Para a Compreensão Étnica, com sede em Nova York, e está na vanguarda da aproximação entre judeus e muçulmanos nos EUA e no Oriente Médio. Através de um maior diálogo inter-religioso, ele tem incentivado relações mais próximas entre os líderes muçulmanos e o Estado de Israel.
Cristãos como ponte
No ano passado, houve visitas de evangélicos dos EUA à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes Unidos — dois países que buscavam fortalecer os laços com o governo Trump através de sua base evangélica de apoiadores.
Diferentemente dos Estados árabes do Golfo Pérsico, o Azerbaijão já tem relações diplomáticas com Israel — sua companhia aérea nacional voa direto para Tel Aviv e seu presidente recebeu o primeiro ministro de Israel em 2016.
Para muitos evangélicos, o apoio a Israel está no cerne de sua fé. Este é o caso do pastor Adam Mesa, que esteve pela primeira vez em um país de maioria muçulmana. “É incrível que um país de maioria muçulmana esteja liderando o custo sobre o diálogo religioso, a comunidade e a solidariedade”, opinou.
O pastor disse as conversas no Azerbaijão com católicos, judeus e xeques muçulmanos não tinham atrito, ressentimento ou preconceito. O pastor Calvin Battle afirma que o diálogo mostrou o “quão semelhantes” as religiões abraâmicas são.
Mais do que apenas promover tolerância inter-religiosa, o Azerbaijão também vê uma moeda política em seu alcance com cristãos e judeus. “Do ponto de vista político, não há dúvida de que o Azerbaijão quer fortalecer sua relação com o governo dos EUA. Israel é um canal para isso”, disse Schneier.
O presidente do Azerbaijão tem estreitado laços com o Ocidente, ajudando a proteger seus interesses de energia e segurança, contrabalançando a influência da Rússia na região. Ao mesmo tempo, o governo de Aliyev tem sido criticado pelos abusos dos direitos humanos e supressão de minorias religiosas.