Antes da reabertura das igrejas durante a pandemia, o governo do Reino Unido emitiu uma restrição que impedia o canto congregacional, sob a justificativa de evitar a propagação da Covid-19 entre os fiéis.
No entanto, um estudo recente realizado por pesquisadores das Universidades de Brunel, Nottingham Trent, Brighton e Essex mostra que a medida foi tomada com base em evidências “falhas”.
Os pesquisadores chegaram à conclusão após examinarem dados de uma investigação inicial feita no estado de Washington (EUA), onde ocorreu um surto de Covid entre os membros do coral da Igreja Presbiteriana de Mount Vernon, em março de 2020.
Poucas semanas depois de um ensaio do coral, em 10 de março de 2020, 45 dos 60 cantores testaram positivo para Covid. Desses, três foram internados e dois morreram.
Coral não causou surto nos EUA
Ao estudar o caso, pesquisadores da Brunel, Nottingham Trent e da Faculdade de Medicina da Essex chegaram a conclusões diferentes depois de estudar a curva epidemiológica.
Eles concluem que, na maioria dos casos de Covid no coral, a infecção ocorreu de dois a quatro dias antes da reunião de 10 de março de 2020. Segundo os pesquisadores, isso mostra que o coronavírus “já estava espalhado na comunidade”.
“Mostramos que é extremamente improvável que este tenha sido um surto de fonte pontual, como amplamente afirmado”, diz o estudo publicado na revista Public Health.
O estudo aponta que fazer uma suposição sem as devidas comprovações “levou a conclusões políticas errôneas sobre os riscos do canto e dos espaços internos em geral”.
‘Medo infundado’
Para o professor Robert Dingwall, da Universidade Nottingham Trent, as lições precisam ser aprendidas.
“A história do condado de Skagit é um bom exemplo de um problema familiar, onde um estudo provisório inicial é dado como certo e citado sem reavaliação crítica”, disse ele.
“É provável que haja muitos casos semelhantes por aí, e a comunidade científica precisa encontrar melhores maneiras de detectá-los, se quiser evitar erros de política”.
Cantar em ambientes fechados foi proibido pelo governo do Reino Unido em março de 2020.
O diretor musical e maestro, Sam Evans, acredita que as suposições tiveram uma grande influência na política de governo do país. “Esta reavaliação do surto do coral de Skagit Valley mostra que o medo era infundado”, avalia.