Condenado por engano, homem começa ministério na prisão: “Fui preso para pregar”

Alexandre Silva foi sentenciado a 22 anos por um crime que não cometeu e encontrou Jesus na prisão.

Fonte: GuiameAtualizado: quarta-feira, 22 de março de 2023 às 17:37
Alexandre Silva foi confundido com o verdadeiro criminoso. (Foto: Facebook/Alexandre Silva).
Alexandre Silva foi confundido com o verdadeiro criminoso. (Foto: Facebook/Alexandre Silva).

Aos 47 anos, Alexandre Silva é pastor da Igreja Assembleia de Deus em Charrua (RS), advogado, teólogo e Conselheiro Tutelar.

Mas nem sempre foi assim. Antes de ter sido alcançado por Jesus, Alexandre teve seus sonhos destruídos com apenas 19 anos, ao ser confundido com um criminoso e ser preso injustamente.

Em 1995, o jovem que sempre sonhou em ser militar, entrou como recruta no Exército e, com bom desempenho, logo foi promovido a cabo.

Mas seu projeto de vida foi interrompido inesperadamente. “Do dia para a noite eu saí do pico da montanha – realizando meu sonhos – para ir ao mais profundo poço”, contou Alexandre, ao podcast VidaCast, na semana passada.

Morando na cidade de São Leopoldo, o jovem foi confundido com um criminoso que roubou uma loja na cidade e matou uma pessoa durante o assalto.

Alexandre tinha o mesmo nome, sobrenome, apelido, idade, características físicas e morava no mesmo bairro que o verdadeiro criminoso.

Confundido com um criminoso


Alexandre na época em que era militar. (Foto: Facebook/Alexandre Silva).

O caso repercutiu muito na região e durante a investigação, a polícia encontrou o carro usado no assalto abandonado próximo a casa de Alexandre.

Como os dados e a aparência correspondiam à descrição do suspeito, ele foi acusado pelo crime. “Eu fui reconhecido por uma das vítimas como o autor do crime”, disse ele. 

Na época, sua família, que tinha um mercado, contratou dois advogados para defendê-lo no caso.

“Meu pai teve um enfarte naquele ano e morreu do coração. Começamos a perder tudo, mercado, casas, carro, na luta para provar [minha inocência]”, observou.

No meio do processo, a juíza que julgava o processo pediu a prisão preventiva de Alexandre e ele foi detido na prisão do Exército, já que era militar.

Ele lembra do dia em que recebeu a notícia de que seria preso. “Quando eu estou saindo da minha unidade, o meu comandante me chama e pergunta: ‘O que aconteceu?’. E eu disse: ‘Eu não sei comandante, eu nunca na minha vida roubei de ninguém, nunca pus uma arma nas minhas mãos para atirar em alguém. Eu simplesmente fui reconhecido porque era parecido com a pessoa’”, lembrou.

Questionando a Deus

O coronel perguntou se Alexandre, que era católico na época, acreditava em Deus e ele respondeu: “Eu acreditava em Deus, mas meus sonhos estão sendo destruídos. Eu não acredito que Deus exista, permitindo que um inocente vá para a prisão”.

O comandante deu um exemplar do Novo Testamento para o jovem e disse: "Leia este livro, você vai encontrar respostas para tudo o que está passando”. 

Alexandre, que nunca tinha lido a Bíblia, leu todo o exemplar em apenas cinco dias. “Eu chorava muito na presença de Deus, perguntando para Ele o porquê daquela situação”, confessou. 

Em 31 de agosto de 1995, ele foi condenado a 22 anos de detenção. A notícia de sua prisão saiu na primeira página da Zero Hora, o maior jornal do Rio Grande do Sul. 

“Ali eu senti que tinha acabado tudo. Eu chorei desesperadamente por três dias direto”, revelou o cristão.

Na primeira semana na prisão do Exército, durante o período de banho, Alexandre planejou tirar sua vida, ao não suportar o sofrimento. Ele pegou escondido um cadarço de sapato e uma cinta.

“Eu olhei para aquelas grades e pensei: 'Por que viver mais?’”, disse. Segundos antes do jovem se enforcar na grade de sua cela, o guarda e outros militares chegaram e lhe salvaram.

Do lado de fora, sua família continuou lutando por sua liberdade através de protestos e abaixo assinado, mas sem resultado.

Encontrando Jesus na prisão


Alexandre e sua esposa Sinara. (Foto: Facebook/Alexandre Silva).

Meses depois, a mãe de Alexandre aceitou Jesus e contou a trágica história do filho em igrejas de São Leopoldo. Então, duas jovens cristãs decidiram visitar Alexandre para evangelizá-lo.

Elas apresentaram Jesus e perguntaram se ele gostaria de receber Cristo em sua vida. “Eu pensei: 'Não tenho mais ninguém por mim, perdi amigos, só tenho a minha mãe. Ninguém mais me quer, mas Jesus me quer’”, afirmou.

O militar entregou sua vida a Cristo e começou uma jornada com Ele. Tempo depois, uma outra cristã visitou o jovem na cadeia e lhe entregou uma palavra profética: “Vim trazer uma mensagem de Deus. Você vai passar por lugares que não gostaria de passar, mas o Senhor disse que nem um fio de cabelo teu será tocado. Ele te envia para lá para pregar o Evangelho”.

Enviado para pregar

Logo, Alexandre teve baixa do Exército e foi transferido para o Presídio Central de Porto Alegre, a maior penitenciária do Rio Grande do Sul.

Após um ano sobrevivendo a um ambiente insalubre e não suportando mais a situação, o cristão planejou fugir por um túnel que outros presos estavam abrindo.

Mas, durante um culto na prisão, ele foi batizado no Espírito Santo e foi fortalecido por Jesus. Alexandre desistiu de fugir ao entender o propósito de estar preso.

“Eu disse: ‘Deus, obrigada por eu estar nesse lugar, hoje o Senhor falou comigo, que eu não vim aqui para cumprir uma pena, eu vim para pregar o Evangelho, para ser um missionário. Nunca mais vou murmurar”, testemunhou Alexandre, emocionado.

Assim, o cristão começou a compartilhar o Evangelho no presídio. O jovem evangelista levou muitos a Jesus, incluindo presos, agentes penitenciários e policiais. Muitos dos criminosos evangelizados por Alexandre foram transformados por Deus, formaram família e hoje são ministros em igrejas.

Durante três anos e meio em que esteve na prisão, o ex-militar pregou incansavelmente. Após esse tempo, ele foi transferido para o regime semiaberto e passou a trabalhar em uma usina de lixo em São Leopoldo.

Pregando ao verdadeiro criminoso


Alexandre se tornou advogado. (Foto: Facebook/Alexandre Silva).

Cinco anos depois, o cristão foi libertado. Trabalhando como motoboy, Alexandre cursou Direito e conquistou seu diploma de advogado. Sempre ativo na obra de Deus, ele também se tornou pastor de uma igreja. 

O ex-militar acabou se casando com Sinara, uma das jovens que o evangelizou na prisão, e formou sua família.

Após mais de 20 anos de ter sido condenado injustamente, Alexandre descobriu que o verdadeiro criminoso estava preso em uma penitenciária em Santa Catarina e decidiu visitá-lo para falar de Jesus.

No encontro emocionante, o homem revelou que desejava mudar de vida e que estava lendo a Bíblia e sendo discipulado na prisão. Arrependido, ele concordou em contar a verdadeira história quando for libertado.

“Tudo o que aconteceu teve um propósito”, testemunhou o pastor Alexandre.

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