Ricardo Nakano, 3º Sargento do Corpo de Bombeiros de Alagoas, foi diagnosticado com Leucemia Mieloide Aguda com componente monocítico, um dos tipos mais graves da doença, em julho de 2020.
O bombeiro, de 39 anos, contou que passou por um longo tratamento e enfrentou a espera na fila de transplante de medula óssea.
No dia 16, terceiro sábado de setembro, onde é comemorado o Dia Mundial do Doador de Medula Óssea, ele testemunhou que foi curado, depois que recebeu uma medula óssea de sua irmã.
"Assim que soube, entrei em desespero. Lembro que abracei forte minha filha e minha esposa me acalmava enquanto uma enxurrada de questionamentos invadiam minha mente. Mas, Deus me deu tanta força que fiquei confiante em busca da vitória", disse Ricardo ao G1.
Ele precisou iniciar o tratamento com urgência. Antes do transplante, Ricardo passou por quatro ciclos de quimioterapia. No primeiro, ficou internado 28 dias e teve uma infecção. Com isso, ele foi levado para a internação na Terapia Intensiva (UTI).
"Alguns não acreditavam que eu sairia de lá, mas Deus me resgatou e me deu uma nova chance", afirmou o bombeiro.
Segundo o G1, desde o início da doença, Ricardo foi informado que precisaria de um transplante de médula óssea. Então, ele foi incluído no Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).
Campanha online
A chance de encontrar uma medula compatível é, em média, de uma em cem mil. Nesse período, a família e os amigos tiveram amostras de sangue coletadas para fazer testes de compatibilidade e se cadastraram como doadores.
"Meus amigos se cadastraram no Redome. Eles fizeram uma campanha imensa para me ajudar, tanto durante o tratamento quanto com a busca por um doador. Hoje, muitos deles estão cadastrados e não tenho dúvidas de que, se forem convocados, salvarão vidas", contou ele.
Através de uma campanha nas redes sociais, criada por um amigo, Ricardo conseguiu encontrar um doador 100% compatível. Ele se preparou para viajar até Recife, onde aconteceria o transplante, mas não deu certo.
"Foi durante a pandemia. Uma frustração. Uma tristeza, não sei explicar. Quando estava me deslocando para a internação, o doador ficou indisponível por seis meses e até hoje não sabemos o motivo", relembrou ele.
Ricardo no hospital durante o tratamento. (Foto: Reprodução/G1)
A doação
De acordo com o G1, os médicos passaram a considerar outras possibilidades. A irmã de Ricardo havia feito o teste e a compatibilidade foi de 50%.
"Na época, quando soube dessa porcentagem, fiquei triste, mas depois os médicos me relataram que era possível o transplante", disse ele.
Então, em janeiro de 2021, o transplante foi realizado no Hospital Real Português, em Recife. Segundo Ricardo, a data é comemorada como o dia do seu renascimento.
"Minha irmã tem pavor de agulha, desde a primeira coleta para a amostra ela sempre se mostrou muito forte, embora com medo. Ela queria muito me salvar. Gosto de falar que ela faz parte de mim e que eu sou parte dela", relatou o bombeiro.
Após a cirurgia, Ricardo superou barreiras psicológicas e se recuperou fisicamente. Aos poucos, ele conseguiu voltar à rotina e ao trabalho. Atualmente, ele é operador aerotático do Comando de Aviação da Secretaria de Segurança Pública.
"Após esse processo, avaliei o que precisava melhorar, meus erros, minha vida e hoje, percebo que sou um milagre”, declarou ele.
“Gostaria de ajudar outras pessoas acometidas por essa doença. Minha missão hoje é transmitir a importância da doação de medula óssea", concluiu ele.