Quando sentiu-se chamado a iniciar um trabalho evangelístico em uma tribo africana remota de Gana, o missionário Ronaldo Lidório sabia que enfrentaria dificuldades. Porém ver a mão de Deus em meio a cada adversidade impactou não apenas a tribo dos Konkonbas, onde ele trabalhou durante anos, mas também a sua própria fé como ministro do Evangelho.
Fatores como a coragem para confrontar uma dupla de feiticeiros para pregar o Evangelho e superação de uma mulher paralítica para ouvir uma pregação são algumas das histórias que marcaram o seu ministério na tribo dos Konkombas.
Lidório relata que pouco tempo depois de chegar à tribo que nunca tinha ouvido a mensagem do Evangelho antes, conseguiu evangelizar uma família — marido, esposa e 11 filhos — que o ajudou a iniciar a primeira igreja no local.
"Uma coisa boa de você ser missionário em lugares com famílias grandes assim é que quando se converte uma família, você já tem uma igreja. Um homem, com uma mulher e 11 filhos, já tem uma igreja. E ali nasceu aquela pequena igreja", contou.
Segundo Lidório, Mebá — o líder da família — era um homem visionário. O entusiasmo dele e de seus entes queridos, após se entregarem a Jesus foi tamanho, que quiseram rapidamente compartilhar a mensagem do Evangelho com todos da tribo. Então, eles foram a cada palhoça avisar que o primeiro culto seria realizado ali.
O Confronto
Lidório se preparou para pregar um sermão evangelístico, Mebá daria o seu testemunho de conversão, enquanto sua família preparou alguns cânticos cristãos para aquele culto. Mais de 400 pessoas foram reunidas em uma manhã, à sombra das árvores, para ouvir o que eles tinham a dizer.
Porém aquela tarefa se tornou mais difícil do que eles poderiam imaginar. Dois feiticeiros da tribo tentaram atrapalhar o culto, para que as pessoas não se convertessem.
"Foi o sermão mais difícil que eu já preguei na minha vida. Em primeiro lugar, eu não tinha um bom domínio da língua. Em segundo lugar, dois feiticeiros se aproximaram de mim antes do sermão e disseram: '[Homem branco], nós não queremos que você pregue. Se você pregar, vamos te atrapalhar", contou. "Eu disse: 'Mas o povo quer ouvir a Palavra de Deus e eu vou pregar".
Lidório conta que aqueles homens realmente conseguiram dificultar o trabalho, porque toda sua pregação foi interrompida e contrariada pelos feiticeiros.
"Tudo o que eu falava, eles diziam o contrário. Eu dizia: 'Deus é poderoso' e eles grutavam: 'Não existe Deus'. Eu dizia: 'Jesus quer salvá-lo' e eles gritavam: 'Não creiam em Jesus'. Meus irmãos, foi uma bagunça tão grande, que vez por outra eu tinha que parar para ver se eu não estava falando o que eles falavam", acrescentou.
Ao final da pregação, Lidório sentiu-se um tanto frustrado, acreditando que as pessoas não haviam conseguido entender a mensagem que ele compartilhou ali. Porém Mebá o incentivou a fazer o apelo e orar pelas pessoas que estavam prontas a se entregar a Jesus.
"O Mebá, mais crente do que eu, disse: '[Homem branco], eu acho que foi uma bênção. Precisamos orar por aqueles que se converteram ao Senhor Jesus. É momento de fazer isso'. Eu fiquei assim, meio inseguro e ele disse: 'Agora é o momento! Vamos orar por aqueles que nesta manhã entregam suas vidas ao Senhor Jesus'. Naquela manhã, 67 Konkombas entregaram suas vidas ao Senhor Jesus", contou.
Superação
Lidório ainda contou que, ao final do culto, todos foram surpreendidos por uma mulher paralítica, que chegou ao local se arrastando. "Ela perguntava: '[Homem branco], será que cheguei muito tarde para me entregar a Jesus?", relatou Lidório.
Aquela mulher não era uma Konkomba, mas sim moradora de uma tribo das redondezas e, ao saber que o Evangelho seria pregado aos Konkombas, pediu ao seu pai e seus irmãos que a levassem nos braços. Todos se recusaram. Então, ela se arrastou por cinco quilômetros mata adentro, até o local onde Lidório estava pregando, para ouvir a mensagem.
As mulheres da igreja a acolheram, trataram suas mãos feridas e limparam seu corpo que estava sujo de lama. Então, Lidório orou por ela e ela se entregou a Jesus.