“Um dos principais desafios da atualidade é alcançar o mundo islâmico”, avalia pastor

Em entrevista ao Guiame, David Mattos, que atuou como missionário em países da África e em Israel, destacou o crescimento do Islã no mundo.

Fonte: Guiame, Cássia de OliveiraAtualizado: segunda-feira, 25 de março de 2024 às 16:59
Pastor David Mattos e sua esposa, Miriam Mattos, durante missões na África do Sul. (Foto: Arquivo pessoal).
Pastor David Mattos e sua esposa, Miriam Mattos, durante missões na África do Sul. (Foto: Arquivo pessoal).

O pastor David Mattos, de 50 anos, trabalhou no campo missionário de 1999 a 2004. Nesses seis anos, David pregou o Evangelho em países da África, do leste europeu e também em Israel e no Paraguai.

Em entrevista ao Guiame, Mattos falou sobre a vida na missão e refletiu sobre os principais desafios que a Igreja atual enfrenta na evangelização mundial.

O líder contou que seu coração começou a queimar por missões ainda na adolescência. “Aos 15 anos recebi pela primeira vez uma mensagem profética falando de um chamado missionário, desde então, de tempo em tempo, o Senhor falava comigo sobre missões por palavras proféticas, ao meu coração ou mesmo em sonhos. Desde bem jovem uma consciência e amor pelas missões foi crescendo em meu coração”, contou.

O primeiro país que David serviu foi em Israel, enquanto trabalhava no instituto bíblico Ami Jerusalem Center, em Jerusalém.

O missionário ajudou na distribuição das Escrituras para o Leste Europeu. “Tive o privilégio de ajudar na distribuição de Bíblias na Ucrânia, Bielorússia e Armênia”, afirmou.

E lembrou: “Na Ucrânia, vi um pastor receber uma Bíblia e as lágrimas correrem de seus olhos, pois pela primeira vez abraçava a Escritura Sagrada”.


David Mattos durante discipulado de obreiros na África do Sul. (Foto: Arquivo pessoal).

Logo depois, o pastor atuou na África do Sul, onde evangelizou povos de língua portuguesa que moravam no país: angolanos, portugueses, moçambicanos e brasileiros.

“Além disso, ajudávamos na expansão do trabalho em outros países daquele continente. Por vezes atravessamos o Zimbábue e Moçambique, acampando em aldeias para levar o Evangelho e assistência social”, comentou ele.

Semente que brotou

Mattos lembrou do testemunho de um jovem angolano, que discipulou e ajudou nos seus primeiros passos no ministério.

“Ensinei a orar, jejuar, ler a Bíblia. Encaminhei seu início no ministério, auxiliei em suas dificuldades iniciais. Eu pude ajudar também quando ele começou seu namoro com uma jovem angolana, Marinete, que eu e minha esposa discipulávamos pessoalmente”, disse.

Os jovens se casaram e, anos depois, ele iniciou uma pequena congregação em Angola, que acabou se tornando uma das maiores igrejas evangélicas do país.

“Alguns anos atrás eu tive a oportunidade de ir à Angola e ver pessoalmente os frutos da semente do Evangelho que ajudei a plantar”, testemunhou David.

Campo missionário em Israel


David Mattos e sua esposa, Miriam Mattos, durante missões em Israel. (Foto: Arquivo pessoal).

O pastor também contou quais as peculiaridades de fazer missões em Israel. “A minha percepção era de que sempre havia uma espécie de tensão no ar, por ameaça de atentados terroristas, ainda que tenha morado lá em um tempo de muita paz. Mas eu tinha essa sensação constante de tensão, talvez pelo forte cuidado das forças de segurança”, disse.

Outro desafio enfrentado na Terra Santa é trabalhar em meio ao mundo islâmico. “Israel tem uma grande comunidade de palestinos que segue o islamismo. O trabalho com essas comunidades parte sempre de uma aproximação amigável e respeitosa”, observou.

E completou: “Todo pregador em Israel encontrará caminhos para pregar tanto aos seguidores do judaísmo, como do islamismo, mas ao mesmo tempo sofrerá o grande desafio que são as perseguições dos radicais tanto de um lado como de outro”.

Comentando sobre a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, David afirmou que há um papel profético no conflito atual.

“Acredito que tudo que acontece com Israel é de alguma forma um reflexo dos movimentos no mundo espiritual”, destacou.

“Antes de Cristo, havia moveres para destruir os judeus, como descrito no livro de Ester, para assim deter o cumprimento da palavra profética que traria o Messias. Após Cristo, há moveres para destruir este povo, também para impedir que as profecias sobre o retorno de Cristo possam se cumprir’, explicou ele.

Desafios da Evangelização Mundial


David Mattos atuou como missionário na África, Israel e leste europeu. (Foto: Arquivo pessoal).

Com experiência missionária em três continentes, Mattos avalia que um dos principais desafios da evangelização mundial hoje é alcançar o mundo islâmico.

“O islamismo é uma religião que vem crescendo como nunca. Eles têm um sistema organizado de expansão e investem pesadamente. Já são muitos os países da África que têm maioria islâmica, há também um mover do islamismo em direção à Europa que tem alcançado sucesso em vários países”, relatou o líder.

“Mesmo em nosso país, já começamos a ver mesquitas sendo erguidas onde nunca antes houve essa cultura religiosa. Levar o Evangelho ao mundo islâmico é um grande desafio”.

Somado a isso, outro desafio é a velha mentalidade sobre missões que ainda está enraizada no meio cristão no Brasil, segundo Mattos.

“Muitas pessoas ainda pensam que tudo que é necessário é enviar missionários com poucos recursos. A igreja brasileira tem como grande desafio romper com uma visão que não produz mais os mesmos frutos que no passado”, ponderou.

E defendeu: “É preciso investir em capacitação, investir mesmo em países europeus para de alguma forma frear o progresso islâmico, encontrar estratégias para entrar no mundo islâmico onde o Evangelho é proibido”.

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