Escolas de Brasília testam novo currículo em ciclos e com menosreprovação

Brasília testa novo currículo em ciclos e com menos reprovação

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:08

escolaPriscilla Borges

Em busca de reduzir os índices de reprovação e melhorar a qualidade de ensino oferecida nas escolas do Distrito Federal, a rede pública da capital decidiu iniciar este ano um novo modelo curricular. A notícia pegou muitos pais e professores de surpresa, gerou polêmica, mas, aos poucos, começa a ganhar simpatizantes na cidade.Proposta para ensino médio: Mercadante defende revisão curricular 

O modelo que está sendo testado por 71 colégios se baseia no programa Currículo em Movimento do Ministério da Educação, que estimula a busca de propostas pedagógicas inovadoras para garantir qualidade de ensino. O objetivo do novo currículo é articular melhor as fases do ensino fundamental e do ensino médio, garantindo que ninguém deixe de aprender, segundo a secretaria de educação do Distrito Federal.

A experiência iniciada em 2005 com as séries iniciais de alfabetização – o 1º, o 2º e o 3º ano formam um único ciclo, o Bloco Inicial de Alfabetização (BIA), no qual o aluno não pode ser retido de uma série para outra – será expandida. O 4º e o 5º ano formariam outro ciclo e, no futuro, as séries finais também serão divididas em ciclos. O ensino médio terá as disciplinas divididas em blocos e a organização das aulas será semestral.

Com isso, os idealizadores do projeto esperam que os educadores se forcem para encontrar alternativas de aprendizagem para todo estudante. Para o modelo funcionar de acordo com a proposta, o professor não pode aprovar o aluno sem que ele tenha aprendido. O aluno não é retido de uma série para outra dentro de cada ciclo, mas deve ganhar mais tempo para aprender respeitando seu ritmo.

“A organização pedagógica deve pautar-se numa concepção que leve em consideração o respeito às faixas etárias, às características e às necessidades individuais. A crença na reprovação como fator de pressão para a dedicação aos estudos é um mito. A progressão continuada das aprendizagens dos estudantes, implícita na organização escolar em ciclos, demanda acompanhamento sistemático do seu desempenho por meio de avaliação realizada permanentemente”, afirma, em nota ao iG, o governo do DF.

Reinaldo Vicentini Junior, professor de História do Centro Educacional 2 do Cruzeiro, participou dos debates que construíram o modelo do ensino médio e acredita que esse é momento importante para o futuro da rede pública da cidade. “A verdade é que estamos atrasados na definição de alternativas para o aprendizado. Valorizamos a preparação para avaliações em larga escala, como o Enem, e tornamos a escola homogênea demais”, afirma.

O secretário da Educação do DF, Denilson Bento da Costa, afirmou durante a apresentação do novo modelo, em janeiro, que as medidas vão reduzir a quantidade de estudantes atrasados nas escolas. Segundo ele, há cerca de 80 mil alunos com dois ou três anos de repetência.

Diferentes formatos

Os críticos temem que, na prática, as escolas aprovem os alunos sem que eles aprendam. Algumas escolas de ensino médio, com medo de prejudicar a preparação dos estudantes para o vestibular, decidiram aguardar resultados. Porém, de modo geral, todos reconhecem que é preciso encontrar alternativas pedagógicas para tornar a escola mais interessante e aumentar a proficiência dos alunos.

“Há perfis diferentes de alunos e de escolas. O nosso estudante é focado no vestibular e, nesse primeiro momento, ficamos com medo de que, dividindo os conteúdos em dois semestres, prejudicássemos os estudantes. Com educação integral, que ainda não temos, seria mais fácil equacionar isso”, comenta Ana Lúcia Marques, diretora do Centro de Ensino Médio Setor Leste, um dos colégios mais reconhecidos pelo bom desempenho da cidade.

No novo modelo, as disciplinas do ensino médio são divididas em dois blocos. No primeiro, estão Biologia, Química, História, Filosofia e Inglês. No segundo, Física, Geografia, Sociologia, Espanhol e Artes. Os alunos estudam um bloco a cada semestre. Com menos disciplinas na grade curricular.


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