Alunos se reúnem em frente ao prédio da reitoria da USP (Foto: Juliana Cardilli/G1) O prazo dado pela Justiça para que os estudantes que ocupam a reitoria da Universidade de São Paulo (USP) desde o dia 1º deixem o prédio termina às 23h desta segunda-feira (7). O horário foi determinado neste sábado (5), em audiência no Fórum Hely Lopes Meirelles, no Centro de São Paulo, da qual participaram representantes dos alunos e da universidade. A USP pediu e conseguiu na Justiça a reintegração de posse.
Nesta manhã, a situação era tranquila no local poucos estudantes estavam do lado de fora do prédio e muitos ainda dormiam no interior. O prazo anterior dado pela Justiça para a liberação do prédio era 17h de sábado. Entretanto, na audiência, os estudantes alegaram que precisariam realizar uma assembleia para decidir se sairiam do prédio o que só é feito em dias de semana. Caso os alunos não se retirem, a juíza Simone Gomes Rodrigues Casoretti, da 9ª Vara de Fazenda Pública, disse que autoriza, "como medida extrema, o uso de força policial. Ela ressalva, no entanto, que conta "com o bom senso das partes e o empenho na melhoria das condições de vida no campus".
Segundo Vandré Ferreira e Felipe Vasconcelos, que se identificaram como advogados do movimento estudantil, deve ser convocada para esta segunda uma assembleia geral dos estudantes para deliberar quais serão os próximos passos dos alunos. Segundo eles, a ocupação da reitoria foi uma medida de manifestação política.
Os dois afirmaram que o que for decidido pela maioria na assembleia será cumprido no encontro, deverá ser decidido se a saída dos estudantes se dará de maneira voluntária, e de que forma.
A USP informou nesta manhã que caso os alunos não deixem o prédio da reitoria, haverá o cumprimento da reintegração de posse. Para isso, a universidade precisará notificar a Justiça, que determinará se haverá o uso de força policial ou não para a retirada dos estudantes.
Negociações
Durante o encontro de sábado, representantes da USP se comprometeram a promover ligações de luz, internet e água no prédio os serviços foram cortados na sexta-feira (4) e retomados no sábado. Já os estudantes se comprometeram a preservar o imóvel e deixá-lo limpo.
Representantes da USP afirmaram que a universidade está aberta ao diálogo, mas que só irá negociar as reivindicações dos estudantes depois que eles desocuparem o prédio. Entretanto, a USP já adiantou que não irá rever o convênio entre a reitoria e a Polícia Militar (PM). Entretanto, uma comissão foi formada para discutir o formato da parceria. Já a revisão dos processos administrativos abertos contra alunos, professores e funcionários poderá ser acordada.
Também ficou acertado na audiência que os estudantes que participaram da audiência deste sábado não serão punidos. Já foi marcada para terça-feira (8) uma reunião da comissão de negociação com a universidade para retomar o diálogo entretanto, esse debate está condicionado à saída dos estudantes no prazo previsto.
Para deixarem a reitoria, os estudantes pedem o fim do convênio da reitoria com a PM, a saída dos policiais do campus e a revisão dos processos abertos pela universidade contra alunos, professores e servidores.
As ocupações da reitoria e de outro prédio, o da administração da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), começaram depois que três universitários foram detidos pela PM com porções de maconha. Estudantes protestaram contra a prisão e houve confronto com a polícia. Após a confusão, um grupo invadiu o prédio da FFLCH, que foi liberado na quinta-feira (3).
Calendário
Os manifestantes divulgaram um calendário com uma série de atividades que devem acontecer nos próximos dias. Nesta segunda, estão previstas panfletagens nos cursos e atos e aulas públicas em frente à reitoria. Na terça (8), os estudantes devem fazer uma mobilização a partir das 14h para uma passeata. Na quarta (9), está prevista uma assembleia geral na reitoria, mas os estudantes não descartam que a data seja antecipada.