Natália Falavigna não consegue atingir a americana
Lauren Hamon (Foto: Divulgação/VIPCOMM) O joelho direito deu trabalho desde o início do ano. Fez Natália Falavigna ir para a mesa de cirurgia para corrigir um rompimento nos ligamentos. Voltou a incomodar e teve de ser operado mais uma vez. Ela não esmoreceu, apesar de ter perdido o Mundial da Coreia, os Jogos Militares do Rio e o Pré-Olímpico do Azerbaijão. Nesta terça-feira, em Guadalajara, só queria se divertir fazendo novamente o que mais gosta. Seria o primeiro grande teste desde a primeira lesão, há quase 20 meses. E se passasse pela americana Lauren Hamon, adversária na estreia no Pan, já teria ao menos o bronze garantido na categoria até 67kg do torneio de taekwondo. Não conseguiu. Perdeu na decisão dos juízes.
Vice-campeã na edição do Rio, em 2007, e medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Pequm-2008, a lutadora deixou escapar a chance de colocar uma medalha dourada em sua coleção. Do taekwondo, apenas Márcio Wenceslau saiu com uma: bronze até 58kg.
A torcida empurrava Natália, mas mudou de lado quando a mexicana Guadalupe Ruiz entrou no ginásio - lutaria no tatame ao lado.
O combate seguiu equilibrado até o terceiro round. Hamon saiu na frente. No golpe, Falavigna sentiu a coxa esquerda. Na retomada da luta, chegou ao empate após punição dada à rival: 1 a 1. O combate foi para o golden point (prorrogação), mas nenhuma das duas conseguiu pontuar. E o árbitro, depois de uma angustiante espera, levantou o braço apontando para Hamon.
- Na hora que foi para o Golden, senti que não iam dar para mim a vitória. Senti um pouco o tempo de luta, velocidade, contato. Quando o atleta não é muito técnico, incomoda um pouco. Mas nada justifica. Deveria e poderia ter feito mais. Tenho capacidade para fazer mais, mas sei o momento em que encontro e a limitação que tenho.
Ao fim da luta, Natália chegou a comemorar com o treinador. Era apenas uma forma de tentar influenciar os árbitros.
- Você tenta enganar os árbitros, enganar, fazer um teatro. Se a atleta está chutando baixo, você tem que cair, tem que mostrar que está segurando a perna. Mas ela acabou atacando mais e levou o desempate.
Na saída do ginásio, encontrou uma conhecida da família Falavigna. Marlene Oldemberg mora em Guadalajara há três anos. Vestida com uma camisa verde e amarela, deu um abraço e falou palavras de consolo, em nome do pastor da igreja que elas frequentam, em Londrina. Natália veio ao México sozinha, apenas com a equipe.
- Pena que não deu, né? dizia a lutadora, meio sem graça. Marlene dá um abraço em Natalia (Foto: Gabriele Lomba / GLOBOESPORTE.COM) Natália segue para Houston, onde treinará de novo com o mestre Jean Lopez, comandante da equipe americana. Depois, voltará ao México para o Pré-Olímpico, na cidade de Querétaro, de 18 a 20 de novembro. As três primeiras se classificam a Londres-2012. Até o momento, apenas Diogo Silva tem vaga assegurada, na categoria até 68kg.
- Em quatro semanas e eu já pego esse detalhe do tempo. Estou treinando há dois meses e meio, mas não tinha lutado. Lutar realmente é diferente. Havia uma carga emocional grande pelo tempo que fiquei parada. Acho que se o campeonato voltasse agora, a primeira luta já seria diferente. Nos quase dois anos em que ficou parada, Natália viu os coletes eletrônicos serem introduzidos nas grandes competições. E teve de se adaptar a eles.
- Depois de dois anos, você até desaprende a rotina e tem de começar de novo: como gosto de aquecer, como é o colete eletrônico. Nunca tinha lutado com ele. Mas nada justifica. Encaro com naturalidade, mas não com passividade. Não estou contente, não estou feliz, mas sei que estou no meu caminho.