Em Catequese, pequeno povoado de Água Boa, no interior de Minas, cerca de 150 moradores dividem dois orelhões para se comunicar com o resto do mundo. Um dos telefones ajuda Rafael a renovar suas energias. A cada três dias, o menino de 18 anos bate papo com a família.
É assim desde 2006, quando chegou ao Fazendão. Se o contato com os pais segue a rotina de anos, a vida de Rafael mudou quando ele virou Gladiador. Agora no profissional, com carga extra de trabalho, concentração e jogos, o mineiro virou turista na escola.
Ele só apareceu na sala do primeiro ano do Colégio Estadual Pedro Calmon, em Armação, onde está matriculado, no primeiro dia de aula. E como o sucesso da Copa São Paulo, quando ele fez seis gols, segue em alta, vem mais mudanças por aí.
Após os primeiros dois gols no time de cima, na goleada por 5 a 1 sobre o São Domingos, olho aberto na habilitação. E o Bahia precisa abrir o olho para o atacante não partir em definitivo com o sonhado futuro carro. O contrato com o Tricolor acaba em julho.
Pizzaria
Pelo menos, a cabeça de Rafael está em outra.
- Vou descobrindo minhas forças aos poucos com os exemplos - revelou.
O futebol dele só veio aparecer na quarta após uma chacoalhada daquelas do técnico Vagner Benazzi durante o intervalo do jogo.
- Ele me deu moral. Marcos, Helder, Ramon e Jataí também. Todos me deram força e eu cresci no jogo - comentou, sobre os dois gols no segundo tempo.
Com Souza ainda de molho, por causa da lesão na coxa, o Gladiador tem outra chance de mostrar suas armas contra o Fluminense de Feira, domingo, no Joia da Princesa.
Só com mais gols para se valorizar e sair do aperto do apartamento no alojamento da base, que ele divide com mais três parceiros da bola.
Também, não precisa muita pressa para sair de lá. Rafael sabe curtir a redondeza do Fazendão. Sempre que pode, dá um pulo uma pizzaria no Jardim das Margaridas, junto com os amigos Fábio, Madson e Brendon, todos revelações da Copa São Paulo, como ele.