Saiba mais sobre o cardeal brasileiro que é apontado como um dos favoritos para suceder a Bento 16 à frente da Igreja Católica
O cardeal brasileiro Dom Odilo Scherer é conhecido pelas atualizações frequentes em sua página no Twitter, suas participações em programas de televisão e por usar o metrô como transporte - assim como a maioria dos 4 milhões de fiéis fazem em sua diocese. Ele é a melhor esperança do Brasil para ser o próximo papa - e é um dos principais candidatos vindos de países emergentes.
Relativamente jovem com seus 63 anos, ele abraça com entusiasmo todos os novos métodos para atingir os fiéis, embora permaneça alinhado à doutrina conservadora da Igreja. Scherer inaugurou sua página no Twitter em 2011 e, em sua segunda mensagem postada, escreveu: \"Se Jesus pregasse o Evangelho hoje, usaria também a imprensa escrita, o rádio, a TV, a internet, o Twitter. Dê uma chance a Ele!\"
"Ele é conhecido por sua disposição em dialogar, seja com outras religiões, seja sobre política\", disse Virgílio Arraes, professor de história contemporânea da Universidade de Brasília. \"Mas em questões sociais, não o vejo adotando uma posição muito diferente do último papa.\"
Scherer é um homem magro e tem uma postura ativa. Ele é o sétimo de 13 filhos em uma família de ascendência alemã, nascido e crescido no Rio Grande do Sul. \"Essa área produziu muitos dos melhores líderes da Igreja brasileira nos últimos 30 ou 40 anos. É uma das regiões mais dinâmicas em termo de produção de padres, freiras e outros religiosos\", disse Kenneth Serbin, titular da cadeira de história na Universidade de San Diego, cuja pesquisa se concentrou na Igreja no Brasil.
"É uma região onde a igreja institucional é a mais forte e onde há uma devoção muito semelhante à europeia, com muita ênfase na hierarquia da Igreja, respeito pelo clero e pelos bispos.\"
<p class="\"" \"="">Scherer, que fala italiano, alemão e português fluentemente e é proficiente em inglês, francês e espanhol, foi ordenado aos 27 anos e possui um doutorado em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma. Ele ocupou diversos cargos pastorais e de ensino em todo Brasil, antes de ser nomeado, em 1994, para a poderosa Congregação para os Bispos do Vaticano, onde permaneceu até 2001.
Ele voltou ao Brasil, onde se tornou o bispo auxiliar de São Paulo e serviu por cinco anos como secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em 2007, foi nomeado arcebispo de São Paulo e entrou para o cardinalício no mesmo ano.
Observadores da Igreja afirmam que Scherer é muito respeitado por Bento 16; ele foi um dos únicos dois latino-americanos nomeados para o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, criado pelo papa em 2010, como parte do esforço para combater a secularização na Europa e a perda de fiéis para as igrejas evangélicas e pentecostais na América Latina, especialmente no Brasil.
"Um dos objetivos mais importantes da Igreja é a promoção de uma nova evangelização, e ninguém colocou mais energia na comunidade pastoral que dom Odilo\", disse José Arnaldo Juliano dos Santos, padre em São Paulo e historiador. \"Ele está trabalhando para fazer da Igreja uma parte mais ativa da sociedade.\"
Scherer não se desviou de posições tidas como \"linha dura\", como a campanha pública contra o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em 2012 de permitir abortos de fetos anencéfalos. Apesar disso, o cardeal brasileiro acenou favoravelmente aos avanços promovidos pela Teologia da Libertação - movimento que usa os ensinamentos de Jesus Cristo para lutar contra a injustiça social - mesmo criticando suas conexões com o marxismo.
Ele também foi um crítico dos projetos de infraestrutura que o governo realiza na floresta amazônica que, segundo ele, \"não levam devidamente em conta suas consequências sociais e ambientais\".
O professor Arraes disse que um grande número de cardeais europeus que votarão no conclave trabalham contra o nome de Scherer. \"Mas, se ele for eleito, pode significar que dependerá muito de sua habilidade em dialogar para contruir pontes, algo que poderia ajudar a Igreja nessa fase\", disse. \"Há uma consciência de que a Igreja está muito centrada na Europa, então este pode ser um momento interessante para escolher um papa das Américas.\"
Com AP