Os Estados Unidos lamentam profundamente a perda de vidas no Egito durante os últimos protestos pró-democracia e pedem aos militares que abram caminho "o mais rápido possível" para um governo plenamente civil, disse a Casa Branca nesta sexta-feira (25).
"A plena transferência de poder para um governo civil tem de ocorrer de uma maneira justa e inclusiva que responda às legítimas aspirações do povo egípcio, tão logo quanto possível", afirmou o secretário de imprensa da Casa Branca, Jay Carney.
Pelo menos 41 pessoas morreram em uma semana de manifestações contra o controle do Egitox pelos militares. Os EUA instaram as autoridades a realizar uma investigação independente sobre as circunstâncias dessas mortes, disse Carney em um comunicado.
'Mas a situação no Egito requer uma solução mais fundamental, idealizada por egípcios, que seja consistente com princípios universais', disse ele, acrescentando que os 'Estados Unidosx acreditam fortemente que o novo governo egípcio deve assumir poder real imediatamente'. De volta às ruas
Milhares de egípcios se reunem novamente nesta sexta-feira (25) na emblemática Praça Tahrir do Cairo para participar em uma manifestação para exigir, mais uma vez, que os militares abandonem o poder.
As ruas que levam ao ministério do Interior, perto da praça, onde aconteceram confrontos violentos nos últimos dias, permaneciam bloqueadas. Os manifestantes, que ocupam a Praça Tahrir pelo oitavo dia consecutivo, pedem que o Exército deixe imediatamente o poder. Também exigem que os responsáveis pelas mortes durante os confrontos dos últimos dias sejam julgados.
"Sexta-feira é a última oportunidade: estabilidade ou caos", afirma o jornal governamental Al-Ahram na primeira página. "Sexta-feira crucial", afirma no mesmo tom o jornal Al-Ajbar, três dias antes do início das primeiras eleições legislativas organizadas depois da queda de Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro.
Mohamed ElBaradei, ex-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), se uniu aos manifestantes.
Membro das forças de segurança fala com manifestantes em barreira que
protege o ministério do Interior, ao redor da praça Tahrir, nsta quinta (Foto: Esam Al-Fetori/Reuters) Governo civil
O ex-premiê Kamal Ganzouri aceitou nesta quinta um pedido da junta militar egípcia para formar um novo governo , disse a imprensa estatal, mas os manifestantes desaprovaram a escolha e convocaram mais um grande ato de protesto para esta sexta-feira (25).
Ganzouri confirmou o convite após reunião com o chefe da junta militar, marechal Mohamed Hussein Tantawi, disse o site do jornal "Al Ahram" citando fontes próximas ao político.
O premiê anterior, Essam Sharaf, foi demitido após seu gabinete divulgar um anteprojeto constitucional que blindaria as Forças Armadas de qualquer supervisão civil - e que levou milhares de egípcios a reocupar a praça Tahrir, no Cairo, e outros pontos do país para exigir pressa na transição para um governo civil, nove meses depois de uma rebelião popular que derrubou o presidente Hosni Mubarak.