A Polícia Militar de São Paulo afirmou nesta sexta (18) que a atuação da corporação para dispersar cerca de 500 manifestantes que protestavam contra o aumento da tarifa de ônibus na capital na tarde de quinta (17) foi técnica e dentro dos procedimentos operacionais. O confronto deixou feridos um PM, um GCM e um manifestante, de acordo com a PM.
A imagem choca, mas a atuação da polícia foi técnica, dentro dos procedimentos operacionais e mobilizando recursos tecnológicos. Eventuais excessos individuais podem ter ocorrido. Por isso, foi instaurado um inquérito militar para apurar, afirmou o capitão Emerson Massera ao G1 .
De acordo com o capitão Amarildo Garcia, do 45º Batalhão da PM, a polícia já tinha tomado medidas preventivas para que os manifestantes pudessem realizar o protesto contra o aumento de R$ 2,75 para R$ 3. Por volta das 17h, começou uma incitação mais calorosa, mais incisiva da parte dos manifestantes. Foram feitas advertências, mas não surtiram efeito, afirmou.
A PM avalia que 40 rojões tenham sido utilizados pelos manifestantes.No começo, segundo o capitão Garcia, os rojões eram lançados diretamente contra a Prefeitura. Nós advertimos que rojões não são instrumentos de democracia, mas não teve resultado, disse. Em determinado momento, os policiais também viraram alvo dos manifestantes.
A polícia estava lá para garantir a ordem. Houve a quebra da ordem e, por isso, houve a intervenção da PM, mas a intervenção foi escalonada, de acordo com a necessidade. Mas começaram a depredar o patrimônio público, prejudicar o direito de ir e vir das pessoas, impedir o tráfego, disse o capitão. Ele afirmou que os manifestantes tentaram invadir o prédio.
Quanto ao manifestante que teve de ser hospitalizado, Garcia afirmou que ele era um dos mais exaltados. Ele tentou atacar um PM pelas costas. Ele era muito forte e grande e estava muito agressivo, contou. O capitão disse que o manifestante foi dominado inicialmente por um GCM. Ele não soube dizer em qual momento o jovem se machucou.
O major Marcel Soffner ressaltou que alguns manifestantes usavam lenços para cobrir o rosto. Quem vai com o rosto coberto quer fazer manifestação democrática?, questionou.
O major declarou aind que, em uma situação de conflito, o canal adequado é se dirigir ao comando da tropa e não se colocar na frente dela. Se ela está atuando, é porque já se esgotaram todas as tentativas, declarou. O capitão Massera destacou que a PM vê a manifestação pública como uma forma de externar a democracia desde que seja pacífica e defendeu que a polícia tem experiência para acompanhar manifestações. Só no mês de fevereiro, aconteceram 75 manifestações na capital paulista, sendo 23 delas na última semana.
Manifestantes
O sociólogo Marco Magri, do Movimento Passe Livre, que participa do Comitê de Luta Contra o Aumento, disse que integrantes do comitê acertaram uma reunião de negociação para discutir uma redução na tarifa com um representante da Secretaria de Transportes. Segundo ele, o encontro foi marcado durante uma audiência pública realizada no último sábado (12). No entanto, a reunião não aconteceu.
Como protesto, seis integrantes do movimento se acorrentaram às catracas da Prefeitura , por volta do meio-dia. Eles só deixaram o prédio à noite.
A imagem do manifestante imobilizado ilustra um dia inteiro de falta de diálogo e de recusa de negociação da parte da prefeitura. É inadmissível que por causa de um rojão (os policiais) tenham agido assim com os manifestantes, afirmou.
De acordo com a Secretária Municipal da Saúde, o manifestante ferido no confronto segue internado no Hospital Servidor Público. O seu quadro é regular, mas estável, segundo a assessoria de imprensa.
Um inquérito foi instaurado também no 1º Distrito Policial, na Sé, na região central da capital.