Três semanas após a entrada em vigor da portaria que restringe a circulação de fretados na Avenida Luiz Carlos Berrini, os passageiros afetados pela medida ainda evitam as linhas de ônibus urbanas criadas pela Prefeitura de São Paulo para compensar a restrição.
Entre as 18hs e as 19h30 de quinta-feira, 12 de agosto, e entre as 7h30 e 8h30 de sexta-feira, dia 13, o G1 percorreu pontos de ônibus da avenida e observou que os veículos que servem às quatro linhas circulam sempre com menos de cinco passageiros.
A baixa procura atinge as linhas 9550 - Metrô Imigrantes - Chácara Santo Antônio/Berrini; 9203 - Metrô Brás - Berrini; 6004 - Metrô Conceição - Berrini; 907M - Metrô Vila Madalena - Berrini. Todos os ônibus vistos estavam praticamente vazios, e a maior parte não chegava a parar nos pontos, por falta de passageiros. Nas paradas, nenhuma pessoa que estava esperando relatava ser usuário de fretado.
Apesar da baixa quantidade de passageiros vista pelo G1, a assessoria de imprensa da SPTrans informou que os ônibus são acompanhados de perto por técnicos da companhia e que não estão previstas mudanças nas linhas, que circulam entre 5h30 e 9hs e das 16hs às 20hs.
Com a liberação dos fretados na Berrini, que tem no total cinco pontos para a parada dos veículos privados de uso coletivo, os usuários relatam que vale mais a pena seguir a pé do que pegar um novo ônibus, pois as distâncias normalmente não são muito longas.
Mesmo antes, no período em que os fretados ficaram proibidos de circular na avenida, os passageiros podiam descer na Estação Berrini da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que é próxima à avenida e fica localizada mais ou menos no meio de sua extensão. Entre esperar um novo ônibus e seguir a pé, a segunda opção muitas vezes era mais rápida e vantajosa.
Quando estava proibido, eu fiquei vindo a pé. Eram uns dez minutos de caminhada da estação até o meu trabalho. Não valia a pena pegar ônibus. Logo voltou a poder circular, e passei a parar perto do meu trabalho, contou o administrador Ricardo de Freitas, 29 anos. Se continuasse proibido eu talvez pudesse usar essas linhas, mas agora não faz mais sentido. Ninguém que eu conheço usa.
Já a assistente técnica Adriana Alves, de 31 anos, disse que apesar de conseguir descer do fretado perto do trabalho, ela não usaria as linhas especiais mesmo se precisasse, como uma forma de boicote. Nós pagamos o nosso transporte, os impostos, fizemos isso porque o transporte público não é suficiente. Então, proíbem algo que não tem sentido, explicou ela, que hoje desce ao lado do trabalho, mas durante a proibição descia na Estação Berrini e andava algumas quadras até o serviço.
Ônibus urbanos passavam vazios na noite de quinta-feira enquanto os passageiros dos fretados que ainda se animam a esperar nos pontos reclamavam contra as restrições.
O analista de projetos Fabiano Oliveira e o analista de compras César Botelho afirmam que têm de andar até 600 metros de manhã e à tarde entre a portaria da empresa e o ponto de ônibus determinado pela SPTrans. "Estamos andando para caramba", disse Botelho.
Fiscais da SPTrans acompanhavam os oito ônibus fretados enfileirados no sentido Avenida dos Bandeirantes da Berrini entre as ruas Flórida e Carlos Rega. No ponto determinado para parada, os passageiros ocupavam toda a calçada por volta das 18h30 de quinta-feira. "Melhorou o trânsito", diz a publicitária Solange Castilho, que pega o fretado direto para Guarulhos. "Mas, vai piorar quando começarem as aulas", avisa o analista de sistemas Daniel Rodrigues.