"Mais do que denúncias, queremos que essa CPI (pedofilia) ponha o dedo na ferida", aponta vereador de São Paulo

"Mais do que denúncias, queremos que essa CPI (pedofilia) ponha o dedo na ferida", aponta vereador de São Paulo

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:30

Por Adriana Amorim

No início de março, foi instaurada na cidade de São Paulo (SP), a CPI da Pedofilia, presidida por Marcelo Aguiar (PSC) e com relatoria de Carlos alberto Bezerra Jr (PSDB).

Na manhã da última terça-feira, dia 30 de março, no Ministério Público do Estado de São Paulo, o relator da CPI participou do Seminário Laços da Rede. O evento discutiu temas relacionados à violência contra a criança e o adolescente e caminhos de atuação, para um público de aproximadamente 400 pessoas, entre elas: educadores, assistentes sociais, conselheiros tutelares e psicólogos.

Chamado para compor a mesa inicial, Carlos ALberto Bezerra Jr. testemunhou um caso que abordou quando atuava como médico ginecologista: "Uma criança de 9 anos chegou ao hospital com um sangramento genital. Ela veio acompanhada da mãe e do namorado da mãe, que intimidava as duas com o olhar. Naqueles minutos eu vi claramente sinais de abuso e violência. Um domínio subliminar. Eu tive uma sensação de impotência e ouvi o grito calado da mãe e da menina. É necessário que todos os servidores públicos estejam preparados”.

Para o vereador, se o entendimento da questão da violência sexual contra a criança for ampliado, será possível abordar outros temas além da pedofilia. "Não podemos esquecer em hipótese alguma de outras facetas tão importantes quanto, como por exemplo o abuso sexual que acontece dentro de casa, as redes de exploração sexual comercial que ganham muito dinheiro, que envolvem gente muito poderosa [...] Não podemos nos esquecer do turismo sexual [...] e também do tráfico de pessoas".

Bezerra Jr. espera que além das denúncias, durante a CPI da pedofilia, seja possível direcionar recursos públicos para a rede de atendimento das crianças, como os centros de referência, de apoio psicológico e jurídico. "Eu milito na causa há vários anos. Estive no Fórum Social Mundial na África, há dois anos, falando sobre isso, nos Estados Unidos e no Brasil, em vários encontros, e o que eu percebo nas discussões, como hoje aqui, nos movimentos, nos militantes, e com todos aqueles que estão envolvidos nas questões de violência contra a criança, é que há uma grande grito no sentido de ampliarmos o foco. O foco das investigações, da discussões e das propostas. A pedofilia é um aspecto importante, mas não podermos cair na tentação de esquecermos que existem redes de exploração".

O vereador falou que inicialmente um plano de ação foi aprovado. Uma das etapas será a investigação. "Quem são essas redes? Onde estão? Como identificá-las? Onde está pedofilia? Exploração comercial? Quais são os crimes mais comuns? Onde está o abuso sexual? Onde é que estão hoje as crianças mais vulneráveis?", explicou.

"Queremos efetivamente que essa CPI, mais do que denúncias, traga soluções, aponte, ponha o dedo na ferida, onde estão os erros, os furos na rede", apontou o vereador.

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