Passageiros do 'voo da premonição' ao desembarcarem em Brasília na manhã desta quarta-feira (26) (Foto: Isabella Formiga/G1)
Passageiros que desembarcaram em Brasília na manhã desta quarta-feira (26) no "voo da premonição", com origem em São Paulo, disseram que o avião estava mais vazio do que o habitual, mas que a viagem foi "divertida" e "bem-humorada".
O voo ganhou notoriedade nesta semana depois de o vidente Jucelino Nóbrega da Luz, de São Paulo, tornar público que teve uma premonição em julho de 2005 de que um avião da TAM que partiria do Aeroporto de Congonhas com destino a Brasília, às 8h30 desta quarta, se chocaria contra um edifício, perto do cruzamento com a Alameda Campinas, após mudar a rota devido a uma pane. Ele chegou a registrar a previsão em um cartório no centro da capital paulista.
"Eu não sabia de nada, a minha surpresa foi quando entrei no voo e estava vazio, bem vazio", disse a bancária Anelise Randoni ao desembarcar na capital federal. "Minha surpresa maior foi quando cheguei e tinham milhões de mensagens perguntando se estava tudo bem, se eu tinha chegado bem. Mas foi tranquilo."
"Na hora que estava entrando na aeronave encontrei uma ex-colega de trabalho que hoje trabalha na TAM. Ela brincou comigo e perguntou se eu iria no voo da premonição. Voo da premonição? Não estou sabendo", conta o gerente de vendas Alberto Ruiz. O passageiro conta que chegou a sair do avião para se informar sobre um amigo que deveria ter embarcado, mas não apareceu no horário do voo.
Ele disse ter sido informado por funcionários da TAM de que poderia alterar a passagem para o próximo horário, para esperar o amigo. "Eu disse que não, se meu voo estava marcado para 8h30, não precisava", disse. "Mas você fica com aquela situação na cabeça. Será que é alguma coisa que está dizendo para você não voar? Mas eu acredito em Deus, não acredito no homem, nessas premonições."
confirmado para as 8h30 (Foto: Olívia Florência/G1)
Ele conta que o voo passou meia hora a mais sobrevoando a região de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, por conta do tráfego aéreo, e que os passageiros chegaram a se preocupar por um breve momento, ainda quando o avião sobrevoava a capital paulista.
"Tinha mais brincadeira do que gente nervosa. Você não via as pessoas muito nervosas, não. Mas confesso que depois que passou a Avenida Paulista todo mundo ficou mais tranquilo, começou a fazer brincadeira", afirmou.
Ruiz conta que chegou até a enviar uma mensagem para a mulher em tom de brincadeira avisando que estava na aeronave. "Falei: 'Olha, estou no voo da premonição. Se por acaso eu não voltar, vou deixar uma mensagem de celular para você.'"
Para tranquilizar os passageiros, a companhia deixou de usar o número JJ 3720 para o voo. Além disso, o vice-presidente de Operações e Manutenção da TAM, Ruy Amparo, embarcou na aeronave citada na premonição. "O voo foi super tranquilo. O pessoal disse que não vai mais confiar no vidente. A gente teve bastante bom humor a bordo", diz Amparo. "Não teve nenhuma manifestação [de apreensão], haviam vários passageiros dormindo também."
Amparo, que é engenheiro, falou que "respeita todas as crenças", mas que confia na manutenção realizada na aeronave. "Respeitando todas as crenças, mas a gente trabalha dentro de um apuro técnico. O que vale para garantir a segurança de voo é todo investimento que você faz em manutenção, treinamento de piloto, em atividades com centro de controle, ou seja, um engenheiro crê muito mais nisso do que em qualquer outra coisa", afirmou.
A diretora da área de comunicação da TAM, Gislaine Rossetti, viajou ao lado do vice-presidente para tranquilizar os passageiros. "Não tive medo. Respeito as premonições, mas não necessariamente deixo isso me afetar a ponto de ter medo. A premissa de estar no voo era mostrar o quanto as operações da TAM são seguras, e transportar isso para as pessoas que estavam ali fazendo sua viagem a trabalho e a lazer."
Segundo a diretora, a média de ocupação do voo foi normal para uma quarta-feira pela manhã.
Premonição em sonho
O vidente Nóbrega da Luz explicou que a previsão da catástrofe aérea que não aconteceu apareceu para ele durante um sonho em julho de 2005. Ele disse que desde então envia cartas de alerta à companhia. Ele afirmou que registrou no 8º Cartório de Títulos e Documentos de São Paulo, em 24 de outubro de 2014, um documento descrevendo o acidente.